Até bem pouco tempo atrás, o Rio Grande do Sul era o único Estado brasileiro que tinha uma lei para impedir privatizações sem plebiscito. Remanescente de um período em que privatização era um palavrão, o texto foi aprovado por unanimidade dos deputados estaduais.
Mesmo os que ainda estão por aí e concordam com venda de patrimônio, votaram a favor da lei. Isso desapareceu da legislação estadual graças a uma proposta aprovada pela própria Assembleia na metade de 2021.
A privatização bem-feita é boa para o governo e, consequentemente, para o cidadão. Ou alguém acha que a privatização da telefonia foi ruim?
Em quatro anos, Jair Bolsonaro não privatizou o que deveria. Não cobro se não pelo fato de que ele prometeu "privatizar 50 empresas no primeiro ano de governo". A promessa foi feita em Porto Alegre durante a penúltima campanha eleitoral.
Bolsonaro ganhou a eleição e não privatizou. Pior, aparelhou ainda mais a "TV Lula", como ele mesmo chamava a EBC.
Se Bolsonaro prometeu e não fez, imaginem Lula, que, para agradar a base, prometeu que não haverá privatizações!
De que adianta gastar dinheiro numa estatal como os Correios, cujo déficit em 2019 foi de mais de R$ 2 bilhões e que não figura mais na lista de empresas confiáveis para os brasileiros, como era no passado? E uma emissora de televisão que custa caro e dá traço de audiência?
Uma emissora pública não precisa ser líder de audiência, mas existem outras maneiras de produzir conteúdo pelos meios digitais, por exemplo. Fazer televisão é custoso e quem banca a extravagância do governo somos nós.
Com o Congresso na mão para aprovações, o presidente poderia aproveitar a chance e vender o que só consome dinheiro e focar naquilo que interessa: saúde, educação, segurança e agropecuária.
Um pouco da minha esperança reside no ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França, mais propenso à venda de patrimônio. Espero que não seja falsa ilusão.