Philip Freeman, professor e escritor especializado em história grega, chegou à conclusão de que se trata de jarra e não de caixa. Houve “uma falha na tradução e o nome certo é Jarra de Pandora”. Contos gregos na Antiguidade sempre tentaram explicar os nossos problemas. Aprendi com meu amigo Eduardo Bueno, o Peninha, até semana passada titular deste espaço que assumo com mais responsabilidade do que nunca, a conhecer a cidade pelos nomes das ruas. Nunca vou discutir com o maior especialista em história no Brasil que eu conheço.
Provoco o Peninha sobre outras coisas que domino melhor. O papel de Thedy Roosevelt, ex-presidente americano, também é assunto de debate. Peninha acha o Roosevelt uma figura “vomitativa”. Eu gosto do Roosevelt. Que outro presidente deixou a Casa Branca e foi se aventurar na selva amazônica? Roosevelt enfrentou o crime. Mas o Peninha é fã dos bons livros do Dee Brown. Então, ele nunca vai gostar do Roosevelt. E, assim, vamos debatendo de forma muito civilizada.
Li sobre as pessoas homenageadas com nomes de ruas e avenidas de Porto Alegre. Edu Chaves, por exemplo, é nome de uma avenida importante da Capital. Era um aviador paulista que fez o primeiro voo entre São Paulo e Rio de Janeiro.
Os Andradas, a rua que corta o Centro da cidade e pela qual passam milhares de pessoas todos os dias. José Bonifácio, Antônio Carlos e Martim Francisco foram grandes brasileiros que auxiliaram Dom Pedro I. A história de João Pessoa é surpreendente. Foi candidato a vice de Getúlio Vargas na campanha presidencial de 1930, que resultou no golpe. O assassinato de João Pessoa foi o estopim para o golpe.
Miguel Couto, no Menino Deus, era médico e deputado, apresentou projeto de lei que proibia a entrada de estrangeiros em São Paulo, no início do século 20. O projeto não foi aprovado. Você mudaria coquetel molotov para coquetel finlandês? Pois essa é a origem do nome? Uso e sempre usarei coquetel molotov, mesmo remetendo à figura nefasta do torturador-mor de Stálin. Foram os finlandeses que inventaram o coquetel e deram o nome como provocação a Molotov. Mataram milhares de soldados soviéticos arremessando o coquetel. Foi um termo que se incorporou ao nosso linguajar. Era uma provocação, mas pegou e nunca mudou.
Sou contra mudanças de aspectos incorporados à nossa rotina. Isso inclui não mudar nomes de rua nem da Caixa de Pandora.