Há alguns dias, recebi uma mensagem de um servidor da Caixa Econômica Federal denunciando o que seria uma tentativa de fraude contra o sistema de auxílio emergencial. Eram prints de tela indicando que um beneficiário, na Região Metropolitana, tentara sacar os R$ 600. No momento da entrega do dinheiro, o atendente do banco observou no sistema que o homem era servidor público ativo. Logo, não poderia receber.
O caso foi encaminhado para investigação. Ainda na semana, reportagem de GaúchaZH mostrou a suspeita sobre 16 brigadianos que receberam o benefício. Militares, a maioria jovens, têm procurado as agências em Porto Alegre para tentar devolver o dinheiro que receberam sem sequer se cadastrar, mas por ter o nome da base do cadastro único, acabaram recebendo.
Aqui e ali, pipocavam problemas que pareciam pontuais. O que a reportagem do Fantástico mostrou domingo (31) é uma fraude colossal: são pelo menos 27 mil foragidos que estão autorizados ao saque. Destes, 819 são gaúchos. Por baixo, uma fraude que chega a R$ 16 milhões.
Como é possível o Ministério da Justiça saber quem são os criminosos que escapam da lei e o ministério ao lado liberar dinheiro que deveria ser exclusivo para pessoas pobres?
O sistema do auxílio emergencial é falho e carece de algo básico: cruzamento de nomes na base de dados de todos os serviços públicos do governo federal. Como chegamos à segunda fase da liberação, o governo precisa dar uma resposta imediata sob pena de deixar a torneira aberta para que as irregularidades continuem.