O governo Sartori conseguiu, em pouco mais de 12 horas, superar um impasse jurídico no Tribunal de Justiça, mobilizar a base governista e, já no fim da madrugada, aprovar por maioria na Assembleia Legislativa o projeto que autoriza o Estado a aderir ao Regime de Recuperação Fiscal. É uma vitória e a demonstração de força de uma base governista que patinava desde a semana passada, quando uma convocação extraordinária da Assembleia não conseguiu avançar em nada. Coube ao governador mobilizar os líderes de bancadas na quinta-feira (7) à tarde. Derrubada a liminar que impedia a votação, Sartori ligou para todos os líderes, pegando alguns já na estrada voltando para casa, e fez um apelo pela aprovação.
Os deputados de oposição também se reuniram para oferecer resistência até às 4h. Não foi suficiente. Com 30 votos a favor e apenas 18 contrários, o projeto que autoriza o Estado a fazer um encontro de contas com União foi aprovado, para alívio do Piratini. Sem essa autorização, o Rio Grande do Sul corria o risco de ter de voltar a pagar, mensalmente, R$ 280 milhões de dívida para o governo federal.
O aval dado pelos deputados permite que o Piratini avance nas negociações com a Secretaria do Tesouro Nacional. Quando assinar o acordo, o Rio Grande do Sul ganha um período de 3 anos de carência no pagamento da dívida mensal (em torno de R$ 280 milhões/mês) e ainda fica liberado para captar empréstimos. Sartori comemorou como talvez nunca tenha se visto na sua gestão. O secretário da Fazenda, Giovani Feltes, garantiu que a carência não vai significar a explosão da dívida - a oposição alega que o não pagamento nos próximos três anos vai dobrar o valor total da dívida.
O certo é que, com carta branca e sinal verde para negociar, o governo Sartori terá em suas mãos uma enorme responsabilidade. Terá, sobretudo, a obrigação de oferecer aos gaúchos respostas para a ineficiência em muitos setores do Estado.