De todos os empregos que a inteligência artificial (AI) pode roubar, nenhum me intriga mais hoje do que o dos agentes de mercado – os traders. Aquele profissional do cenário popularizado por filmes como Wall Street, de Oliver Stone; ou livros como Liar’s Poker, de Michael Lewis, populando ambientes caóticos em andares inteiros de bancos de investimento, hoje é uma figura rara. Os negócios fechados pelos antes conhecidos como corretores da bolsa hoje são realizados, cada vez mais, por robôs.
Algo mais parecido com um ChatGPT do que um R2D2, mas ainda um robô. E uma volta ao cenário mais antigo é cada vez menos provável, dado o retorno financeiro que esses robôs conseguem trazer.
Os negócios fechados pelos antes conhecidos como corretores da bolsa hoje são realizados, cada vez mais, por robôs
Enquanto o processamento mais rápido de um humano leva entre 200 e 300 milissegundos, um robô processa em um milionésimo de segundo. Assim, mesmo que as previsões que eles conseguem fazer gerem uma margem pequena de lucro, é possível ganhar no volume.
Nesse mercado, os novos bancos e profissionais mais procurados — sejam estrategistas, analistas ou assessores — são aqueles que têm um bom domínio das ferramentas de informática mais eficientes em realizar esses negócios de forma automatizada.
Robôs não se importam com micro ou macroeconomia; mesmo que isso possa ser programado nos algoritmos, a força deles é fazer com velocidade a análise de padrões e substituir assim os estrategistas.
Por que isso me preocupa? Porque hoje, cidades, Estados e países são administrados de acordo com “o mercado”. É, portanto, inimaginável que um gestor e/ou líder não entenda o profundo impacto que a tecnologia tem nos conceitos que até há pouco eram considerados sólidos.
Mais inimaginável ainda é alguém que entenda e utilize isso para seus investimentos privados, mas venda para a população uma conversa falsa, desatualizada.
Precisamos de líderes que se eduquem em ciência e tecnologia, desenhando planos detalhados para valorizar isso em suas gestões. Quem hoje não priorizar ciência e tecnologia simplesmente não tem mais valor como gestor.