Avanços surgem quando desafiamos o que se acha que são certezas — mas só fatos conseguem realmente mudar o status quo do entendimento da realidade. Em 2024, vimos Prêmio Nobel para microRNAs — mensagens curtas que as células emitem e podem influenciar as outras, sem precisarem ser traduzidos em proteínas. Reviravolta total do que se ensinava quando eu estava na faculdade, impacto direto na medicina.
Física e Química premiaram inteligência artificial — que hoje literalmente reescreve todas as tecnologias, menina dos olhos das empresas mais ricas que o mundo já viu. E Economia premiou o entendimento de como as instituições de um país determinam seu grau de riqueza — mostrando que as decisões tomadas por uma sociedade para proteger as pessoas trazem prosperidade local por centenas de anos.
Meu desejo para 2025 é que as marcas da tragédia que vivemos sejam cultivadas como um lembrete perpétuo de que temos medo daquilo que não entendemos
Nós no extremo sul historicamente ficamos de fora de descobertas disruptivas e da riqueza que geram. Consequência direta de escolher ignorar fatos. O principal deles, do quanto decisões baseadas em ciência podem trazer prosperidade. Para o RS, 2024 foi um ano sem precedentes, no pior dos sentidos. Mas jamais foi imprevisível. Cidades tradicionalmente se instalam perto de corpos de água. Monitoramento, segurança, reparos — tudo pode ser realizado hoje com tecnologia jamais antes disponível. Vulnerabilidades de trânsito entre cidades e diversificação da economia estão ao nosso alcance.
O balanço de fim de um ano é uma grande oportunidade de entender que tudo o que sofremos poderia — e pode — ser evitado. Que o RS pode prosperar. Se compreender que as escolhas que fazemos, em instituições públicas e privadas, podem trazer prosperidade a todos — e é isso que determina, ultimamente, a riqueza generacional que tantos perseguem individualmente. A economia do RS tinha medo da seca. Agora tem medo da chuva. Meu desejo para 2025 é que as marcas da tragédia que vivemos sejam cultivadas como um lembrete perpétuo de que temos medo daquilo que não entendemos — e que conhecimento é o único caminho que nos faz avançar.