O que é uma vacina eficaz? Uma que mantém hospitais e necrotérios vazios. Hoje, nos EUA, a causa número 1 de internação hospitalar por doença respiratória voltou a ser influenza. Mas e os casos de covid que continuam sendo notificados? E as variantes? E os casos graves? E as vacinas atualizadas? Ao fazer essas perguntas, deveríamos perceber que precisamos de cientistas em todos os escalões de todos os governos.
A começar pela Saúde, em que o ministro que sai ainda tenta não vacinar as pessoas. Precisamos de cientistas e estudos que mostrem o quanto as vacinas protegem de atuais e futuras variantes, o quanto o vírus circula. Nunca tivemos o hábito de estudar detalhadamente o percentual de pessoas que se infectam anualmente com os diferentes vírus conhecidos – sarampo, pólio etc. Temos ideia de casos sintomáticos, graves no máximo; de circulação de vírus em esgotos. Mas, para planejar a segurança de todos, precisamos investir em pesquisar infecções continuamente – inclusive medir infecções em pessoas assintomáticas.
Para saber se precisaremos atualizar continuamente as vacinas, precisamos de estudos que detalhem não apenas infecção, mas proteção. Estudos recentes publicados por pesquisadores de Harvard no New England Journal of Medicine mostram que as vacinas bivalentes (metade variante ancestral e metade Ômicron) geram níveis de proteção comparáveis às originais (só variante ancestral). Estamos falando de vacinas de alta eficácia – de mRNA. Isso significa que atualizações constantes provavelmente não serão necessárias. Ótima notícia para quem se vacinou – a vacina original funciona muito bem contra as variantes.
Ministérios de Planejamento e de Indústria e Comércio devem ficar de olho em estudos como esse, que deveriam ser feitos aqui. Ciência e Tecnologia também. O que precisaremos é de vacinas de alta eficácia feitas no Brasil – e não compradas de fora. Assim como precisamos desenvolver nossos próprios antivirais. Pois pessoas com mais de 75 anos, imunossuprimidas ou com comorbidades precisam deles no início das infecções, mesmo vacinadas. Precisamos educar – cientistas na Educação! – todos para que sintomas devem servir como uma mensagem do corpo para minimizar o contato como puder – máscara, isolamento, o que for possível. Isso é gigante para evitar circulação de qualquer patógeno.
E quanto tempo dura a proteção das vacinas? Tem que determinar isso na prática. Não faz sentido ficar recomendando reforços sem entender os resultados deles. Estudos em crianças que ainda não se vacinaram serão fundamentais para desenhar as políticas públicas não só relacionadas à covid, mas a todas as infecções.
Finalmente: esse é o único coronavírus que deixa sequelas neurológicas e vasculares. Que a gente saiba. A covid longa precisa ser uma preocupação global, para que não se torne a próxima – e terrível – epidemia. Planejar e educar com base em evidência científica é a melhor estratégia de custo-benefício para gerir cada aldeia que forma um grande país.