Qualquer gremista, caminhando na Rua da Praia, no Centro Histórico de Porto Alegre, irá ter a mesma resposta quando questionado sobre o momento do Grêmio. Todos, de forma uníssona, dirão que Renato está mal, que a maioria dos jogadores é ruim e que a diretoria está trabalhando abaixo do que se podia esperar. Este conceito comum é, no entanto, uma consequência de algo que todos vivemos: o tempo. O Grêmio parou no tempo, não quis encarar o futuro e está colhendo o veneno que plantou.
Sem fazer muita força, chegamos no ano de 2014. Um Grêmio derrotado começava uma reconstrução com o aval do mito Fábio Koff e do jovem executivo Rui Costa. Naquele momento, entendendo que deveria trocar de rumo, não renovou contrato com Renato Portaluppi e buscou novos ares. Em dois anos, tinha um time. Com jogadores que precisavam mostrar serviço, como Maicon e Geromel, o Grêmio de Rui Costa, já com Romildo como presidente, passava a encantar a torcida.
O 5 a 0 contra o Inter em 2015 foi o primeiro grande “título” daquele time que, nos anos seguintes, já com o retorno do ídolo Renato como cereja do bolo, conquistou a Copa do Brasil e Libertadores encantando o Brasil.
Em 2018, ainda com a base daquela equipe, o Grêmio começou a brigar com o tempo. Em 2019, veio a primeira pancada. O Flamengo, que buscara um português maluco, humilhou o já não tão forte time tricolor, que começava a se entregar para o empírico de forma constrangedora. Veio 2020 e tudo seguiu da mesma maneira. Em 2021, o rebaixamento. A volta à primeira divisão seguiu também olhando para trás. Com Roger no comando, mais uma vez, o Grêmio buscou no ídolo Renato a solução para o medo que surgia, resgatando o tempo mais uma vez.
De volta a Série A, um dos primeiros reforços foi Pepê, que, segundo o próprio treinador, era muito parecido com Maicon, ídolo daquele já velho e mágico time. Esse é apenas um exemplo. Em 2023, de forma brilhante, o Grêmio teve a benção Suarez e, claramente, isso escondeu a base pouco sólida da casa construída pelo clube. Em 2024, sem o craque uruguaio, ficou tudo muito claro.
O Grêmio parou. Continua com discursos vazios, dificuldades hierárquicas, estruturas precárias, gastando muito e acreditando que apenas o dinheiro é a solução. Um clube mantido por uma massa fantástica de fãs que também ficou anestesiada por um trabalho que acabou, mas que o Grêmio não soube encerrar. O tempo pode ser remédio para muitas coisas, mas para o Grêmio ele foi veneno.