O futebol, por vezes, transforma momentos, emociona, e, também, serve de símbolo. Neste domingo (6), Porto Alegre reabre para grandes eventos. O Estádio Beira Rio abre suas portas para um jogo de futebol após a grande enchente do mês de maio. Inter e Vasco se enfrentam às 18h, aos olhos do Guaíba e do pôr do sol, um dos cartões postais da Capital. E tudo parece perfeito. Mas não está. Neste texto eu vou falar sobre os esquecidos. Sobre a Porto Alegre que ainda se limpa e que quer se secar. Sobre a cidade que ninguém quer mostrar.
Não pensem vocês que estou contra a retomada do Beira-Rio. Meu assunto vai além da rivalidade entre Grêmio e Inter. O retorno dos jogos no Menino Deus precisa ser visto como um retrato de Porto Alegre. O que dá certo por meio dos investimentos e o que dá errado pelo completo descaso do poder público. As bombas de água do bairro do Beira-Rio foram ligadas muito antes das bombas do Humaitá, Anchieta, Sarandi e Navegantes. Além disso, enquanto a Orla está totalmente revitalizada e bem maquiada para mostrar para quem não é daqui a retomada da cidade, os bairros que circundam o estádio tricolor ainda lutam para tirar o lixo acumulado. Esses são apenas dois exemplos do que vimos nos últimos dias nesta cidade.
Neste domingo, teremos uma grande oportunidade para fotografar a hipocrisia de uma cidade que escancarou os seus extremos. O Beira-Rio e a Arena nascem da paixão dos gaúchos e moram na mesma Porto Alegre, que, neste episódio, mostrou para todo mundo que divide o seu povo de forma desigual. Basta olhar, basta fotografar, basta pensar.