O lixo acumulado e o mau cheiro ainda estão presentes em vias menores da Vila Farrapos, na zona norte de Porto Alegre. Na manhã desta segunda-feira (10), na Rua Oly Fachin, entulhos cobriam a via e passavam por cima de carros estacionados. Moradores relatam que há sujeira por pelo menos 10 dias.
Já em vias mais movimentadas, como nas avenidas A.J. Renner e Padre Leopoldo Brentano a quantidade de materiais descartados diminuiu. Por volta das 7h, ao menos três caminhões do Exército auxiliavam no recolhimento do lixo.
— O Exército passou aqui, limpou bem pra nós aqui, deixou 100%. E a prefeitura não chegou pra nós. Não veio mesmo. Aqui nós conseguimos puxar o lodo tudo, mas se vocês entrarem na vila, vai dar um caos aqui, ainda mais que estão prometendo chuva (previsão) — diz o morador da Vila Farrapos Paulo Machado de Carvalho.
Nas últimas semanas, moradores têm cobrado do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) mais agilidade para recolher o lixo. O departamento afirmou à reportagem nesta manhã que em um primeiro momento vem priorizando as vias principais para auxiliar na liberação do fluxo do trânsito.
Mais de 200 novos profissionais foram contratados para atuar na limpeza das ruas de Porto Alegre. A expectativa é que o trabalho comece ainda nesta segunda-feira. São quatro empresas contratadas. A assinatura dos contratos consta no diário oficial do município da última sexta-feira. Ainda não foram divulgadas as áreas contempladas pelas novas equipes.
Morador reutiliza lixo para arrumar casa
O acúmulo de lixo também faz parte da rotina de moradores do bairro Sarandi. Em pontos da Rua 21 de abril, a água baixou há poucos dias, e os moradores estão iniciando o processo de limpeza e retirada do entulho. Com isso, as calçadas estão tomadas por móveis, livros e demais pertences das famílias afetadas.
Já em outros pontos, os rejeitos estão parados há pelo menos duas semanas. Na Rua Xavier de Carvalho, moradores já estão retornando para casa, e precisam conviver com os entulhos descartados.
— A gente nunca tinha visto uma coisa dessa. Eu sou costureira, não sei se não vou perder minhas máquinas, que eu não botei pra rua, mas não sei se elas vão funcionar ou não. Isso aqui tá desde a semana passada aqui, eles não tiram. Isso aqui deixa a gente pior ainda, que aqui tá todas nossas lembranças. Então pra nós não tá sendo fácil — lamenta a costureira Claudete Pimentel Pereira.
Com tanto lixo parado, o aposentado Ildebrando Monteiro resolveu se aproveitar de alguns materiais para auxiliar na reconstrução da sua casa. Por já ter trabalho com construção civil, coletou alguns pedaços de madeira para refazer parte da parede, mofada em razão da inundação.
— Eu estou usando essa parte de dentro, que são ripas, para duplicar uma parede que eu estou solucionando o problema da umidade com um forrinho PVC. Então, com essas madeiras que estão apenas molhadas, mas estão aptas para uso, eu estou reaproveitando. Então eu economizo e também estou dando um norte para esse material que consequentemente está virando lixo — conta.
A reportagem registrou a presença de um caminhão e uma retroescavadeira de uma empresa terceirizada, que prestava serviço de limpeza à prefeitura. As máquinas retiravam o entulho que bloqueiam parte das vias.