O Campeonato Gaúcho foi a competição que levou a paixão por Grêmio e Internacional além das fronteiras de Porto Alegre nos últimos 70 ou 80 anos. Aos poucos, com a facilidade de comunicação e ampliação das competições pelo mundo, a dupla Gre-Nal ganhou notoriedade no país e na América do Sul, e acabou diminuindo a importância do Gauchão na construção da sua marca.
O desdém dos jogadores em relação aos jogos pelo Interior não combina com a importância das pessoas que moram fora da Capital para os negócios dos clubes dos bairros Humaitá e Menino Deus.
Os quadros sociais dos nossos clubes, a ocupação dos estádios Beira Rio e Arena e o pay per view, cada vez mais, são ocupados, de forma importante, por moradores do Interior. Eu não estaria errando de forma grosseira se dissesse que o faturamento de Grêmio e Internacional seria a metade, nas propriedades do marketing, se fossem excluídos os torcedores além de Porto Alegre. Essa lógica, por óbvio, deveria mudar a forma como tratamos a relação dos clubes e dos jogadores com esses torcedores.
Não existe força de marca sem a paixão do torcedor. O Flamengo, por exemplo, ganhou mais tamanho quando entendeu que deveria deixar o Rio de Janeiro e viajar pelo Brasil para subir um degrau. E subiu. Grêmio e Inter têm uma mina de ouro no interior do nosso Estado, mas precisam cultivar essa relação. Quem não entender essa nova lógica ficará para trás.
As ações nos consulados e nas relações dos jogadores com o público do Interior precisam se estreitar. Os clubes precisam tratar o Rio Grande do Sul como a sua sede, não apenas Porto Alegre. A melhor forma de fazer isso é estar lá, criar relações de pertencimento. De escolinhas a bases avançadas, como CTs ou estádios. Se o coração dos clubes está na Capital, o pulmão está no Interior. E ninguém vive sem ar!