Há traços de insanidade no circo armado pelo ex-deputado Roberto Jefferson. Ninguém faz vídeos alegando ter razão ao arremessar granadas e atirar na Polícia Federal. Não é plausível. A prática de oratória de advogado e sua inteligência estão escondendo algo sério. Ele enlouqueceu, está precisando de ajuda psiquiátrica.
Não é normal dormir presidente do PTB e acordar Rambo. Não é normal alguém em prisão domiciliar alegar que possui um arsenal de 20 armas.
Eu vi os vídeos de Jefferson quando houve o cerco dos policiais: o seu messianismo, a sua paranoia, a sua crença de que fora “vítima de arbítrio” e não iria se render sob hipótese nenhuma, de que estava sendo perseguido e humilhado. A defesa da honra é o discurso do padecimento das faculdades mentais.
Com um passado de cassação no Congresso e condenação pelo Supremo Tribunal Federal por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, era de se esperar o mínimo de prudência. Mas ele sempre realiza o contrário, o estardalhaço de suas opiniões.
A loucura já tinha eclodido antes, quando rompeu as formalidades sociais do cargo que exercia e ao qual estava acostumado.
Suas declarações de baixo calão já se caracterizavam como próprias daquele que perdeu a censura e se considera acima da lei e imune às consequências penais para qualquer cidadão. Chamou a ministra Cármen Lúcia de “Cármen Lúcifer” e disse que ela "lembra aquelas prostitutas, aquelas vagabundas arrombadas".
Que político em sã consciência faria tal agressão documentada e pública, dirigida à mais alta hierarquia da Justiça?
Ele não difere em nada de um interno de manicômio que se nomeia Napoleão. Sofre da onipotência do desvario.
Se algum familiar nosso fizesse um terço do que ele aprontou na última semana, seria internado imediatamente. Como parente, você se sentiria obrigado a proteger a pessoa de si mesma; não iria acreditar que ela dispõe do uso do seu bom senso, mas que extraviou o seu domínio racional, o seu equilíbrio, a conexão com a realidade.
Jefferson demonstra viver num mundo perigoso de completa fantasia, em que aliados são inimigos ocultos. Simbolicamente, joga as suas roupas e crenças pela janela, aparece nu no comício, não confia em mais nenhum afeto, jura que estão tramando uma conspiração para roubar o seu patrimônio.
Talvez o fato de o presidente Jair Bolsonaro ter determinado que o ministro da Justiça, Anderson Torres, fosse ao Rio de Janeiro e encerrasse a crise com escolta de luxo seja um sinal de que o governo percebeu que o ex-parlamentar se encontra adoecido.
Estamos num país mergulhado na eleição mais polarizada da sua história, numa possessão coletiva, numa avalanche de fake news, com candidatos acusando uns aos outros de mentirosos, e já não reconhecemos quem está louco ou não. A mais completa aberração é tolerada como se fosse verosímil.
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O Napoleão do manicômio
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