Um jovem de 37 anos, assumidamente gay, vitorioso em todas as eleições majoritárias de que participou, invicto nas urnas desde que concorreu à prefeitura de Pelotas em 2012, é o primeiro governador reeleito do Rio Grande do Sul.
Superou preconceitos e piadinhas homofóbicas a respeito da ausência de uma primeira-dama de verdade. Não falou de sua vida pessoal. Jamais defendeu a sua privacidade ou explicou o que não estava em pauta. Manteve-se circunspecto e determinado a discutir unicamente administração pública e suas obras anteriores.
Nenhum candidato cascudo conseguiu antes. Nem José Ivo Sartori. Nem Tarso Genro. Nem Yeda Crusius. Nem Germano Rigotto. Nem Olívio Dutra. Nem Antônio Britto.
Pela primeira vez, teremos continuidade de uma gestão. Pela primeira vez, um governador terá possibilidade de implementar um projeto de oito anos e talvez não ser mais esquecido.
O pelotense bacharel em Direito, filho de José Luiz e Rosa, dedicou a vitória ao irmão Ricardo, mostrando seu apreço pela família. Ele virou uma eleição com mais de dez pontos percentuais de diferença no primeiro turno. Obteve quase dois milhões de votos a mais. É uma proeza em tão diminuto tempo, unindo as simpatias invisíveis das lideranças do PT e parte dos bolsonaristas (Bolsonaro ganhou de Lula no RS por 56% a 44%).
O próprio Leite dizia ser de direita e de esquerda simultaneamente, porque queria uma gestão para todos. Dependeria de quem o olhasse, não dele.
Permaneceu neutro na disputa presidencial, mas educadamente aguerrido na disputa local. Da mesma forma que não recusou a elegância de cumprimentar o adversário, mostrou-se irredutível ao questionar propostas lacônicas e vagas de Onyx Lorenzoni. Foi o candidato que defendeu a ciência enquanto seu oponente desmereceu a morte de 40 mil gaúchos pela covid-19 dizendo que a melhor vacina era pegar a doença.
Diplomático, lançou uma nova liderança, Gabriel Souza (MDB), projetando um possível sucessor. Ofereceu ao delegado Ranolfo Vieira Júnior a chance de uma administração honesta e segura.
Eduardo tem uma longa cancha reta pela frente. Habilita-se ao cenário nacional como a principal força do PSDB, disputando atenção com os emergentes Simone Tebet (MDB) e Romeu Zema (Novo).
Inscreveu seu nome na história executiva rio-grandense. Nunca houve na parede do Palácio Piratini dois retratos da mesma pessoa. Vai inspirar jovens a seguir o caminho dele. O governador é pop.
Governador reeleito
Notícia
O jovem que quebrou a tradição
Pela primeira vez, teremos continuidade de uma gestão. Pela primeira vez, um governador terá possibilidade de implementar um projeto de oito anos e talvez não ser mais esquecido
Fabrício Carpinejar
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