Se de segunda a sexta-feira os discursos e a articulação na Assembleia Legislativa chamam atenção, aos fins de semana a camisa e o paletó dão lugar ao jaleco de médico veterinário, que atende animais de pequeno porte em uma clínica em Tramandaí. Essa tem sido há anos a rotina do deputado estadual Gabriel Souza (MDB), candidato a vice-governador do Rio Grande do Sul na chapa de Eduardo Leite (PSDB).
As paixões por animais e pela medicina o levaram à escolha da profissão. Segundo ele, não havia segunda opção ao prestar vestibular, aos 16 anos. Até hoje, tenta conciliar a atividade veterinária com a de parlamentar.
— Durante os meus mandatos, consigo conciliar, em geral, nos fins de semana. Tenho plantão aos sábados, em que atendo no consultório e faço clínica-geral de cães e gatos — relata, sem saber se conseguirá manter a rotina caso seja eleito vice-governador no próximo domingo (30).
Natural de Porto Alegre, diz que apenas nasceu na Capital, mas foi criado e vive até hoje em Tramandaí, no Litoral Norte. Aos 38 anos, é casado há 16, tem uma filha de cinco anos e uma yorkshire de 11, que se chama Anita, em referência a Anita Garibaldi. Antes dela, Gabriel teve outros dois cães com nomes de políticos: Getúlio e Ulysses, em homenagem a Getúlio Vargas e Ulysses Guimarães.
No tempo livre, conta que o principal hobby é a leitura. Mas, no pouco tempo que sobra em meio à campanha, tem assistido às séries A Casa do Dragão (House of the Dragon) e Conto da Aia (The Handmaid's Tale).
Gabriel Souza começou na política ainda na escola, aos 14 anos. Na adolescência, entrou na juventude do MDB e segue na sigla desde então. Mestre em Direito e pós-graduado em Gestão Pública, foi assessor do ex-deputado e ex-ministro Eliseu Padilha, secretário municipal em Tramandaí e duas vezes eleito deputado estadual, em 2014 e 2018. Na Assembleia, foi líder do governo de José Ivo Sartori (MDB) e presidiu a Casa de 2021 até fevereiro deste ano. Ao longo do período, avalia que ele e Eduardo Leite souberam trabalhar juntos.
— Eu era o chefe do Legislativo e ele, do Executivo. Foi neste momento que nós destravamos essa agenda de avanço das reformas, das privatizações no Estado. Nos damos bem — diz.
Antes de compor a chapa ao lado de Leite, foi escolhido pelo MDB para ser candidato ao Piratini. Depois, a convenção do partido definiu pela coligação com o PSDB, com Gabriel como vice, decisão que garante ter recebido com naturalidade. Sobre o futuro, porém, não descarta ser candidato ao governo do Estado:
— Dizer que não (tem vontade de ser governador), não seria uma verdade, porque eu disputei a indicação para ser candidato a governador no início do ano. Então, sim, tenho vontade de ser governador um dia. O futuro a Deus pertence, mas não é hora de pensar nisso.
Pelos perfis conciliadores tanto dele quanto de Eduardo Leite, entende que não terão problemas de convivência na gestão estadual. Por mais que se conheçam há pouco tempo, afirma, ambos têm um projeto de governo em comum.
— Divergência eu tenho com a minha esposa, então é natural ter com um companheiro de chapa, ainda mais de outro partido. Dentro do próprio partido, o MDB está mostrando que tem uma série de divergências (há lideranças do partido que apoiam Onyx Lorenzoni). Mas temos um programa baseado no fortalecimento da democracia, na responsabilidade fiscal e na política social — assegura.
Quanto ao posicionamento político, diz ser "liberal, progressista e de centro". Assim, se eleito, pretende atuar ao lado de Leite com foco em um governo reformista, que defende os direitos civis, sem entrar na polarização entre direita e esquerda.