- Promotor municipal de Registros Demétrius Oliveira de Macedo não admitia mulher na chefia. Responde por tentativa de feminicídio.
- Padrasto é preso suspeito de estuprar três enteadas em Canoas, diz polícia.
- Pai é preso suspeito de estuprar e engravidar as duas filhas em Crateús, no interior do Ceará.
- Um shopping na cidade de Kremenchuk, na Ucrânia, foi atingido por mísseis russos. A explosão deixou ao menos 18 mortes e cerca de 60 feridos.
- EUA acumula mais de 200 tiroteios em massa neste ano.
- Busca pelo Auxílio Brasil quadriplica no RS em 2022. Fila de espera aumentou 345% em abril, na comparação com janeiro.
- Fome no Brasil: número de brasileiros sem ter o que comer quase dobra em 2 anos de pandemia. Cerca de 33,1 milhões de brasileiros vivem em situação de fome.
Essas são algumas notícias de junho, do mês que acabou de se encerrar. Deveriam surgir frescas em nossa memória.
Mas aposto que você tem a sensação, como eu, de que aconteceram no século passado, de que são muito antigas, de que não fazem mais sentido comentar, que esgotaram o seu interesse.
Como tudo vem envelhecendo rapidamente me causa um desamparo.
Será que é o término da linha cronológica da memória? Será que, diante da enxurrada de informações, não mais diferenciamos o que é recente do que é remoto?
A ansiedade estaria nos conduzindo a uma amnésia coletiva?
Deixamos de nos lembrar, depois deixamos de nos importar, depois deixamos de estar presentes. É um processo de desaparecimento do engajamento social.
Viramos a página antes de ler. Não prolongamos o espanto, o pasmo, o susto e a raiva de viver em situações deploráveis. Não acompanhamos o processo de nenhum problema até o fim. O fim vem residindo no início.
O passado é líquido. O passado mais próximo é arqueológico. O passado é descartado com rapidez dentro do presente.
O vírus tecnológico da indiferença, da insensibilidade, nos contaminou, porque não temos mais nem tempo para nos indignar.
É tanto soco que já não sentimos os tapas ou trocamos a alma pelo algoritmo?
Nossa atenção sentimental a um assunto não dura nem mais uma quinzena. Já nos desligamos de imediato. Já trocamos de tema. Já seguimos para o crime seguinte, para o escândalo seguinte, para o infortúnio seguinte, como se fossem todos iguais. E, pior, como se fossem naturais.
O que é perto e o que é longe têm o mesmo peso pena. A mesma intemporalidade.
Só recordaremos do que nos emocionou. Não estamos mais nos emocionando com nada.
A ênfase é dada pela experiência do coração, por tudo o que gestamos em reflexão e silêncio.
Nenhuma tragédia atravessa mais a nossa epiderme. E isso, eu alerto, é extremamente perigoso.