Dione Kuhn é editora-chefe interina de Zero Hora nas férias de Carlos Etchichury
Uma das tarefas mais nobres e desafiadoras do jornalismo é a investigação. Nobre porque cumpre papel essencial em uma democracia, que é o de jogar luzes sobre algo que se tenta ocultar da sociedade justamente por ser irregular e ilegal. Desafiadora porque investigar exige técnica apurada para buscar informações, experiência profissional para não cair em armadilhas e cautela para não deixar vulneráveis repórter e outras pessoas envolvidas.
A investigação pode levar meses e nunca será garantia de sucesso. Muitas vezes, é engavetada com boa parte da apuração realizada.
É por isso que, quando uma investigação é concluída, a sensação do repórter é de missão (quase) cumprida.
Desde que o Grupo de Investigação da RBS, o GDI, foi criado, em dezembro de 2016, mais de cem investigações foram feitas e veiculadas. Nenhuma delas, porém, se encerrou naquele momento. Tão importante quanto investigar é acompanhar os desdobramentos até que as autoridades competentes cheguem a um desfecho para o problema apontado pela reportagem. Nos últimos 10 dias, ZH publicou dois conteúdos que exemplificam o que relatei acima:
1 – Em fevereiro de 2019, a repórter Adriana Irion revelou suspeitas de que o servidor da Assembleia Legislativa Luís Fernando Coimbra Albino participava de eventos partidários ou audiências judiciais enquanto alegava estar doente. Apresentava atestados médicos para justificar ausência no trabalho. No fim do ano, a Polícia Civil indiciou Albino. Na semana que passou, a mesa diretora da Assembleia suspendeu o servidor e descontou seu salário por 90 dias. O Ministério Público ainda investiga o caso;
2 – No último dia 30, a 1ª Delegacia de Combate à Corrupção realizou a Operação Educatio, que investiga venda de diplomas falsos. As suspeitas em relação ao grupo Facinepe, foco da investigação da polícia, foram reveladas por José Luís Costa, do GDI, em 2017. O caso também está sob avaliação do Ministério Público Federal e do Ministério da Educação.
São apenas dois exemplos, de dezenas de casos cujos desdobramentos ainda virão, sempre sob os olhares atentos dos repórteres.