Não foi só futebol que faltou na melancólica desclassificação do Uruguai na Copa do Catar. A garra charrua que caracteriza os vizinhos orientais desembarcou tarde em Doha. O destemor tampouco entrou em campo. Pior. À apatia incomum, os bicampeões do mundo agregaram incompreensível covardia de seu técnico na efêmera passagem pelo Mundial.
Só a fraqueza dos medíocres é capaz de justificar a decisão de sonegar aos uruguaios o talento do melhor jogador em atividade no futebol sul-americano nos dois primeiros jogos da fase de grupo. Manter Arrascaeta no banco, o mesmo Arrascaeta que fez dois gols e foi o melhor jogador em campo contra Gana, é um crime de lesa-futebol.
Com o seu craque fora e sem marcar um gol sequer, o Uruguai sucumbiu contra Portugal e tropeçou diante da Coreia.
Diante de Gana, jogou bem. Teve futebol e caráter nos 90 minutos. Mas era tarde.
A desclassificação é dura especialmente para Suárez, Cavani e Godín, expoentes da última grande geração da celeste. E triste para quem habituou-se a ver os hermanos transformarem o Sul em Norte no futebol internacional. A "arrogância de macho", como canta Pepe Guerra, permaneceu nas "calles de ilusión del viejo Barrio Sul" de Montevidéu neste dezembro abafado de 2022.