Suárez tornou-se para o Grêmio, para Porto Alegre e para os gaúchos o ídolo que Ronaldinho desistiu de ser. A primeira renúncia ocorreu em 2001, quando o craque formado no antigo Estádio Olímpico, assessorado por seu irmão mais velho, forçou a barra para deixar o clube. Saiu pela porta dos fundos. O mal-estar pela partida prematura para o PSG ficou tatuado na torcida e na instituição.
Uma década depois, em janeiro de 2011, Ronaldinho, 31 anos, e a família Moreira tiveram a oportunidade de pacificar a sua relação com Grêmio, com Porto Alegre e com os gaúchos.
Campeão da Copa do Mundo, do Espanhol, do Italiano, da Champions e duas vezes eleito o melhor jogador do mundo, Ronaldinho poderia se reconciliar com suas raízes. Assessorado mais uma vez por seu irmão, negociaram cláusulas do contrato, empenharam a palavra, mas, na hora de assinar, roeram a corda. Os Moreira optaram pelo Flamengo. O sentimento de traição cristalizava-se entre os gremistas.
Ronaldinho viu, na noite de domingo (3), na linda homenagem à Suárez, como a metade azul do Estado manifesta o seu afeto para um jogador que, além de craque, empenhou-se com devoção juvenil.
Como em todas as relações de trabalho, a dedicação, o comprometimento, acrescidos da qualidade individual, transformam bons em ótimos, ótimos em craques, craques em fenômenos. A abnegação, a luta destemida pela vitória, geram empatia, comovem. Ronaldinho nunca compreendeu isso.
Luis Suárez, forjado na simplicidade de Salto, fronteira do Uruguai com a Argentina, compreende. Mesmo após renegociar o seu contrato, abreviando-o em um ano, Luisito, um típico uruguaio, ganhou uma das homenagens mais emocionantes em 120 anos de história do Grêmio.