No começo de 2013, quando a crise financeira do Estado começava a ganhar protagonismo, a então editora de Política Dione Kuhn, percebendo que o assunto não sairia tão cedo do noticiário, fez uma proposta à repórter Juliana Bublitz:
– A gente nunca conseguiu mostrar a real situação financeira do Estado. Tu não queres contar a história da dívida gaúcha?
Juliana topou o desafio. Consultou especialistas, tornou-se amiga de técnicos e auditores fiscais. Entrevistou todos os ex-governadores e todos os ex-secretários da Fazenda. Em agosto, nascia “Pesadelo de 40 anos – Uma dívida que atrasa o RS”, uma reportagem que colocava Zero Hora, e a própria Juliana, em outro patamar na abordagem do assunto. Desde aquela investigação, Juliana produziu várias matérias sobre o tema.
Na mais recente, destacada na capa desta edição sob o título “De governo em governo, raspando o cofre”, a repórter mostra que os ex-governadores Germano Rigotto (MDB), Yeda Crusius (PSDB) e Tarso Genro (PT), líderes de partidos com estratégias políticas distintas para recuperar o Estado, finalizaram suas gestões com contas no vermelho, despesas crescentes e reduzida capacidade de investimento.
– Os três encerraram suas gestões com saldo negativo. É um problema complexo, que não diz respeito a um ou outro partido. Em 48 anos, as contas só ficaram no azul em sete anos – diz Juliana.
Formada em Jornalismo, mestre em Desenvolvimento Regional e doutora em História pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Juliana foi correspondente no Interior e atuou nas editorias de Polícia e de Geral antes se tornar expert em temas áridos como as finanças públicas. É precisa na apuração e elegante na narração dos fatos. Faz boletins para a Rádio Gaúcha com desenvoltura e parece uma veterana à frente das câmeras. Aos 39 anos, a versátil repórter especial sintetiza um perfil cada vez mais presente na Redação do Futuro, descrita na semana passada pela diretora de Jornalismo Jornais e Rádios, Marta Gleich.
– Esta matéria me deixou sem dormir direito por duas semanas, mas me deu um prazer grande – complementa a sempre bem-humorada Juliana.
A reportagem desta edição, também disponível em GaúchaZH, mostra que, na média, nenhum dos três governos aplicou mais do que 5% da receita em investimento. Em Santa Catarina, no mesmo período, o investimento médio foi de 10%. É mais uma contribuição de ZH para qualificar a discussão sobre os grandes temas desta eleição.