"Meu nome é Enéas”! Quem não lembra dele? Com 15 segundos de propaganda em rádio e televisão nas eleições em que participou, Enéas marcou seu nome para uma geração. Não me refiro às ideias nem ao viés ideológico, mas a uma marca, mesmo que com votações simbólicas nas três tentativas de se eleger presidente.
Agora pense em dois ou três jingles marcantes dos últimos anos nas eleições a prefeito ou governador. Garanto que eles vêm à cabeça rapidamente e vão demorar algumas horas para serem esquecidos. Lembrei até os de senador e alguns de vereador! Mas se eu te pedir para pensar em propostas com início, meio e fim tenho certeza que a memória vai demorar um pouco mais para conseguir processar. É delas que eu quero falar. Das ideias!
Quantas vezes ouvimos candidatos jogarem ao vento suas propostas prontas para a saúde e a educação, por exemplo. Se prestarmos bem atenção, são coisas macro, sem detalhamento. “Vou melhorar a questão da saúde”, diz um deles. É vago. “Vou criar mais vagas em creches”, promete outro. É insuficiente. O que é a “questão da saúde”, afinal? Pode ser fila, pode ser leito, pode ser convênio, posto, unidade básica de saúde, contratar mais médicos, ampliar horários de atendimento nos bairros e até um novo hospital.
A campanha já está nas ruas. Aliás, foi-se o tempo em que essas aparições-relâmpago tipo a do Enéas ou do E-e-eymael eram a única forma de chamar atenção do eleitor. Passou também o tempo em que o eleitor aceitava respostas pela metade. As redes sociais, para o bem e para o mal, têm forte papel nesse momento em que todos os candidatos têm sua própria forma de chegar ao eleitor. Para além do vidro do carro adesivado ou das bandeiras dos políticos nas esquinas, todo mundo tem mil opções no seu celular, especialmente nos seus grupos de afinidade no WhatsApp. Isso sem falar no jornalismo profissional, com a cobertura das eleições pelos diferentes veículos de comunicação.
Na última sexta-feira (23), começou a propaganda eleitoral no rádio e na TV. Agora é o momento para, em alguns segundos ou minutos, cada postulante aos cargos de prefeito e vereador se apresentarem. É pouco tempo para eles mostrarem ideias, mas alguns sinais podem ser observados, como a postura e o tema priorizado ali, que é normalmente a bandeira de quem fala. Eles precisam dizer pelo que prometem trabalhar. Com mais tempo, nas entrevistas e debates, preste também atenção nas ideias para melhorar as cidades. Analise se elas param em pé, se parece que é possível executar, se eles dizem os prazos e de onde viria o dinheiro para tirar do papel. Preste atenção. Pesquise, se informe. Não deixe para pensar nisso só em outubro.