O plantio de oliveiras e a produção de azeite de oliva vêm despontando a cada ano no Rio Grande do Sul. A safra de 2022 bateu novo recorde. Foram produzidos 448 mil litros de azeite este ano, um acréscimo expressivo, de 122%, em relação ao ano passado.
O Rio Grande do Sul concentra a maior área plantada de oliveiras e a maior produção de azeite do país.
Paulo Lipp, coordenador do Programa Pró-Oliva, da Secretaria da Agricultura, elenca alguns motivos para esse bom resultado. Entre eles estão novas áreas com plantas entrando em idade de produção e aperfeiçoamento de técnicas de manejo por parte dos produtores e dos agrônomos gaúchos, com melhor adaptação da cultura às condições de clima e de solo do Estado.
Além disso, provou-se nesse ciclo a resistência das oliveiras diante da estiagem.
– Esse ano, outra característica que já sabíamos, mas que foi confirmada e nos chamou atenção, foi a resistência das oliveiras à falta de chuva. Até dezembro, as plantas iam bem. A partir de janeiro, parecia que a safra ia se perder em algumas regiões. O que aconteceu foi que ela conseguiu se manter e, quando as chuvas voltaram, as frutas retomaram o crescimento e voltaram ao tamanho normal. Muitos produtores ficaram surpresos de ver que tiveram uma colheita boa – diz Lipp.
Vani Aued, proprietária da Olivas do Sul, é uma das produtoras que comemora os resultados da safra cheia. A propriedade em Cachoeira do Sul, na região central do Estado, rendeu 160 mil quilos de fruta no pomar de 25 hectares. A quantidade é praticamente o dobro do colhido em 2021.
– Foi uma das maiores safras que já tivemos. Levamos um banho para conseguir colher porque não estávamos preparados para tanta fruta – conta Vani.
A propriedade está sendo expandida para Encruzilhada do Sul, onde a produtora espera ter a primeira colheita mais expressiva na próxima safra. Além dos pomares, a Olivas do Sul possui lagar (estrutura industrial onde a azeitona é transformada em azeite) com capacidade para extrair 500 quilos por hora.
Atualmente, a área plantada de olivais soma 5,9 mil hectares no Rio Grande do Sul. Desse total, calcula-se que 3,4 mil hectares são de área em produção, ou seja, com árvores de quatro anos ou mais. São 321 produtores da cultura no Estado, localizados em 108 municípios gaúchos.
Segundo Lipp, o interesse dos produtores nas oliveiras vem crescendo desde 2010. O aumento da área plantada continua desde então, mas desacelerou o ritmo nos últimos anos. Ainda assim, é uma cultura de menos de 20 anos que já ocupa área superior a outras frutíferas tradicionais no Estado.
As maiores áreas estão em Encruzilhada do Sul, Canguçu, Pinheiro Machado, Caçapava do Sul, São Sepé, Cachoeira do Sul, Santana do Livramento, Bagé e Barra do Ribeiro.
Além dos olivais, o Estado concentra 16 fábricas produtoras de azeite, a maioria na metade Sul. Mais de 70% da produção brasileira é gaúcha. Mas a produção nacional ainda é pequena perto da quantidade que o Brasil importa de outros países.
O grande trunfo do azeite brasileiro é que o consumidor tem acesso a azeites frescos, recém-elaborados, com melhores características sensoriais de aroma e sabor. Inclusive rendendo prêmios nacionais e internacionais. São produtos de extrema pureza e alta qualidade, destaca Lipp.
Caso da Olivas do Sul, cujos rótulos acumulam prêmios desde a primeira safra, em 2010. A propriedade também conquistou selo premium do Instituto Brasileiro de Olivicultura (Ibraoliva).
– De lá para cá se atestou que o produto feito aqui é de uma qualidade tão boa quanto os melhores da Itália. E isso o consumidor gosta de saber – diz Vani.
– Não temos ainda quantidade, mas temos qualidade. Esse foi um fator, também, que fez com a área continuasse crescendo. Muitas pessoas até fazem um paralelo com a evolução do vinho gaúcho, que levou décadas para sair de uma qualidade menor para hoje estar disputando entre os melhores vinhos importados. E o azeite é o contrário, porque já nasceu com uma qualidade de alta gama – avalia Lipp.