A estiagem fará com que o Rio Grande do Sul passe longe de colher uma supersafra de verão no período 2019/2020, como era esperado antes do plantio. A Emater estima que a colheita de grãos nas propriedades gaúchas chegará a 28,72 milhões de toneladas, queda de 13,8% frente às 33,3 milhões de toneladas esperadas inicialmente e o menor resultado desde 2017. Em relação ao ciclo passado, o recuo é de 8,8%.
Os números foram confirmados na manhã desta terça-feira (3) na Expodireto-Cotrijal, em Não-Me-Toque, no norte do Estado.
A safra ficará marcada por perdas significativas principalmente no milho e na soja, em decorrência da estiagem. As quebras nessas culturas superam os dois dígitos.
Na apresentação dos dados, o secretário estadual da Agricultura, Covatti Filho, afirmou que o Estado estava passando do estágio de estiagem para o de seca. Posteriormente, contudo, corrigiu a afirmação.
— Ainda é estiagem, mas com a expectativa dos próximos dias, sem chuva, ela vai se tornar uma seca. Aí a Emater vai atualizar os números. Como a soja ainda está na floração, na fase de enchimento de grãos, a situação pode se agravar — apontou.
A safra de verão deverá injetar R$ 32,72 bilhões na economia gaúcha. O volume, no entanto, poderia ser maior.
As perdas no milho e na soja farão com que, pelo menos, R$ 4,8 bilhões deixem de circular no Estado, segundo a Emater. No entanto, o diretor-técnico Alencar Rugeri enfatiza que o impacto financeiro indireto das perdas no campo é muito maior.
— O milho e a soja são produtos de base da cadeia e isso gera diversos reflexos. O dinheiro deixa de circular nas comunidades e se reflete no cara que vende combustível, fogão, geladeira na cidade — comparou.
Principal cultura do Estado, a soja deverá ter redução de 16,2% na colheita. Ao todo, a Emater estima que serão retiradas das lavouras 16,54 milhões de toneladas da oleaginosa frente às 19,75 milhões de toneladas esperadas inicialmente. A área plantada chegou a 5,96 milhões de hectares.
Já no milho em grão, a colheita deverá totalizar 4,69 milhões de toneladas, redução de 21,1% em relação à projeção inicial de 5,95 milhões de toneladas. A área cultivada atingiu 783,3 mil hectares, expansão de 1,5%. Enquanto isso, no milho silagem, devem ser retiradas das lavouras 9,94 milhões de toneladas, queda de 20,7% frente a expectativa antes do início colheita.
O arroz é a cultura menos afetada, com queda de produção estimada em 1,5%, chegando às 7,4 milhões de toneladas em uma área de 944 mil hectares no Estado.