Apesar do aumento da produção de biogás, ainda há largo caminho para o Brasil aproveitar o potencial. Em 2018, o país gerou 1,1 bilhão de metros cúbicos de biogás. Se considerada a capacidade de 84,6 bilhões de metros cúbicos anuais, calculada pela Associação Brasileira de Biogás e Biometano (ABiogás), o país hoje produz 1,3% do que poderia.
Falta de regulamentação, escassez de linhas de crédito e custo elevado para instalação — uma unidade de 1 megawatt (MW) pode chegar a R$ 9 milhões —, estão entre os obstáculos a serem superados, na percepção de Alessandro Sanches, gerente executivo da ABiogás:
— Nos últimos 15 anos, o biogás entrou nas agendas dos governos (estaduais e federal), mas falta plano de desenvolvimento que centralize as ações. O Brasil tem maior potencial de produção do biogás no mundo.
A coordenadora do Laboratório de Diagnóstico Molecular do Instituto de Biotecnologia da Universidade de Caxias do Sul (UCS), Suelen Paesi, ressalta a abundância de matéria-prima.
— Se os produtores associassem a atividade (rural) com a geração de energia a partir dos resíduos, seria possível dobrar a produção de suínos, por exemplo. Hoje, em muitos casos, não é possível aumentar o plantel por conta do volume de dejetos nas fazendas. Com o biogás, haveria ganho econômico, social e ambiental — diz Suelen.
Conforme o Atlas das Biomassas do Rio Grande do Sul para a Produção de Biogás e Biometano, elaborado em 2016 pela Universidade do Vale do Taquari (Univates), o Estado produz, por ano, 85,7 milhões de toneladas de materiais que podem ser convertidos em energia. Desse montante, 93% são oriundos da criação de animais e sobras agroindustriais. Campanha, Fronteira Oeste, Serra e Vale do Taquari figuram entre as regiões com maior potencial.