O destaque nas premiações internacionais acaba se refletido nas exportações. Desde 2015, crescem os embarques de vinhos e espumantes brasileiros. No primeiro semestre deste ano, mesmo com os vinhos representando maior volume, a expansão nos embarques de espumantes ocorreu em ritmo mais acelerado.
Ao todo, foram 142,8 mil litros, incremento de 61% na comparação com igual período de 2017. Segundo o Ministério de Indústria, Comércio Exterior e Serviços, os principais destinos foram Chile, Singapura e Polônia.
Vinícola do país com maior número de medalhas internacionais e segunda com mais espumantes premiados no primeiro semestre do ano, a Aurora, de Bento Gonçalves, é uma das líderes em exportação. Nos espumantes, a cooperativa é a campeã de embarques. A gerente de exportação e importação Rosana Pasini, salienta que se destacar nas competições abre novos mercados.
— A maioria dos países considera muito as premiações, principalmente aqueles que não consomem tanto vinho e acabam vendo nas medalhas um fator importante. Recentemente, ganhamos duas medalhas na China e uma semana depois já tinha cliente de lá entrando em contato conosco — exemplifica Rosana.
Hoje, a maior parte das exportações da Aurora é para a Ásia, em especial para China e Japão. De janeiro a agosto deste ano, mais de 22 mil garrafas de espumante da marca foram comercializadas para o Exterior, um acréscimo de 47% frente a 2017. A meta é terminar o ano com mais de 100 mil unidades exportadas, já que a demanda deverá crescer com a proximidade das festas de final de ano.
O histórico de exportações do setor vitivinícola é relativamente novo, e hoje os embarques representam cerca de 2% do volume produzido. Há pouco mais de uma década, as empresas vêm intensificando esforços para colocar seus produtos em outros países, o que coincide com a maior participação das vinícolas em concursos internacionais. Segundo o gerente de promoção do Ibravin, Diego Bertolini, as vendas de vinhos e espumantes neste ano devem superar o volume recorde do ano da Copa do Mundo, que ficou em US$ 8,6 milhões. O desafio, aponta o dirigente, é consolidar a participação no mercado internacional, o que deve levar mais alguns anos.
Neste sentido, as vinícolas têm planos para fortalecer a presença fora do país. Esse é o caso da Domno, do grupo Famiglia Valduga, de Bento Gonçalves. Focada na produção de espumantes no método charmat, a companhia já chegou a embarcar em anos anteriores, apenas com vendas pontuais. Agora, a meta é tornar a exportação uma fonte fixa de receitas.
— Neste ano, o mercado interno acabou absorvendo toda a produção, mas estamos com tratativas com clientes na África do Sul, Angola e Estados Unidos — destaca Jones Valduga, diretor comercial da Domno.
Críticas de experts e rankings geram novos negócios
Com base nos resultados de competições internacionais, a Associação Mundial de Jornalistas e Escritores de Vinhos e Licores (WAWWJ, na sigla em inglês) divulga a cada temporada uma relação dos melhores vinhos do ano. Em 2017, um espumante da Casa Perini, de Farroupilha, superou algumas das vinícolas mais renomadas do mundo. O moscatel feito na Serra ficou na quinta colocação do ranking global, abocanhando a primeira posição entre os espumantes, e despertou a atenção dentro e fora do Brasil.
— A premiação provocou forte aumento na demanda, readequamos nosso planejamento para atender à nova realidade comercial — comenta o diretor de marketing Pablo Perini.
Após o reconhecimento, a Casa Perini abriu mercados, como Japão e Paraguai. No mesmo levantamento da associação, as vinícolas Aurora, Domno e Garibaldi também tiveram rótulos na lista dos cem melhores vinhos do mundo. Todas as empresas gaúchas foram selecionadas com espumantes.
As avaliações positivas de especialistas com reconhecimento mundial também colocam os produtos brasileiros em evidência. Em 2011, a Cave Geisse recebeu rasgados elogios da britânica Jancis Robinson, uma das críticas mais destacadas do segmento. Espumante da vinícola de Pinto Bandeira recebeu nota 18,5 de 20 da avaliadora, pontuação considerada pouco comum. Posteriormente, a empresa ainda teve boas críticas de outros especialistas, como do também britânico Oz Clarke.
— As avaliações chamaram atenção até de produtores. Teve gente da região de Champagne que veio conhecer que lugar era esse (Serra) com espumantes com notas fora da curva — lembra o diretor-proprietário Daniel Geisse.
Como resultado das avaliações dos britânicos, a Cave Geisse intensificou a exportação para Inglaterra e Estados Unidos, dois mercados considerados chave, em razão do nível de consumo e das publicações focadas em vinhos. Mesmo trabalhando apenas com a venda para lojas especializadas e restaurantes, a empresa hoje não consegue responder à demanda.
De acordo com Geisse, para atender a todos os pedidos dentro e fora do país, seria necessário triplicar a produção.