Chuva acima da média em algumas regiões e grande variação de temperatura devem marcar o penúltimo mês de 2024 no Rio Grande do Sul. De acordo com meteorologistas, a instabilidade será impulsionada pela passagem de frentes frias. Também há expectativa para a ocorrência de uma onda de calor — ainda sem previsão de período exato.
Murilo Lopes, meteorologista da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), afirma que a primeira semana do mês já será bastante quente e marcada pelo retorno da chuva ao Estado. A previsão indica que a instabilidade deve ser um pouco menos expressiva do que foi em outubro, mas haverá vários momentos de chuva distribuídos ao longo do mês.
— Teremos momentos mais frequentes de chuva, como agora nesse começo de mês, em que teremos a temperatura mais alta, a umidade presente e a chance de chuva por vários dias consecutivos. Temos um cenário agora nesse começo de novembro bem típico de verão: temperatura mais alta, sensação de abafamento e condição para pancadas de chuva no final da tarde — comenta Lopes.
Conforme o meteorologista da Climatempo Guilherme Borges, a chuva deve ficar um pouco acima da média (entre 10 e 30 milímetros) para o período principalmente no Centro, no Norte, na Região Metropolitana, nos Vales e na Serra. Já para Missões, Oeste, Campanha e Sul, a expectativa é de que o acumulado fique dentro do esperado.
A passagem de frentes frias de forma mais frequente sobre o Estado está favorecendo a ocorrência de chuvas em maior número comparado a outros meses. Essa intensificação, conforme Borges, é causado pelo fato de a temperatura do Atlântico estar um pouco acima da normalidade.
Lopes destaca que a primeira frente fria deve chegar entre segunda (4) e terça-feira (5), enquanto a segunda está prevista para o final da próxima semana, após o dia 7 de novembro. Isso deve resultar em períodos de mudança no tempo, porque após a passagem dessas frentes, haverá o ingresso de um ar mais frio e seco, que causará uma queda mais acentuada na temperatura.
Como será a temperatura?
Os meteorologistas ressaltam que o mês será marcado por variação térmica. O cenário de temperatura mais baixa deve ocorrer por volta do dia 15. Também estão previstos períodos bem quentes, com termômetros chegando perto dos 35°C, e onda de calor.
— Não temos a data exata ainda, porque a previsão da onda de calor é de curto prazo, mas tem alguns sistemas potencializando a temperatura, principalmente na Região Oeste, nas Missões e no Norte. Vai ser uma gangorra térmica — aponta o meteorologista da Climatempo.
Borges acrescenta que a expectativa é de que os termômetros fiquem um pouco acima da média (entre 1°C e 3°C) nos municípios das regiões Oeste, Missões, Norte e Serra. Também enfatiza que agora há mais incidência de radiação solar, com aumento do calor.
— Na Faixa Oeste e nas Missões, a temperatura máxima média para novembro varia entre 29°C e 31°C. Já para a Campanha e regiões Central e Norte, varia entre 27°C e 29°C a média. E, para Serra, Região Metropolitana, parte dos Vales e Sul, varia entre 25°C e 27°C. E aí, quando fica acima da média, pode acrescentar de 1°C a 3°C — detalha Borges.
Segundo ele, o cenário também deve ser de chuva intercalada com períodos de temperatura extremamente alta, como no início do ano.
— Vai ser um mês de variação térmica bem acentuado. Bem típico de primavera — concorda o meteorologista da UFSM.
Quando começa o La Niña
Os meteorologistas esclarecem que a chuva será frequente mesmo diante da expectativa de La Niña — conhecido por causar seca no RS —, porque o fenômeno ainda não se afirmou. Borges afirma que há uma neutralidade na região do Oceano Pacífico, com um viés frio. Isso, somado ao Atlântico com temperatura acima da normalidade, descaracteriza um pouco a presença do La Niña e seus efeitos no Brasil.
Lopes acredita que os reflexos do fenômeno serão sentidos com um período seco mais intenso somente no verão.
Cenário nacional
Além do La Niña, o meteorologista da Climatempo ressalta a presença de outro fenômeno: a Oscilação Madden-Julian, que também afeta os cenários de chuva e temperatura do Brasil, especialmente na região Centro-Oeste. Conforme Borges, a condição terá efeito mínimo ao longo de novembro, mas também ajuda na caracterização dos efeitos do La Niña.
De acordo com o meteorologista da UFSM, a chuva deve continuar bem frequente nas áreas do Mato Grosso, do Goiás e demais Estados da região Centro-Oeste. No sudeste brasileiro, a instabilidade também deve ser mais intensa, especialmente nas proximidades de Minas Gerais.
— A expectativa é de que a chuva mais intensa fique centrada bem no miolo brasileiro. Também teremos temperatura alta, mas nada extremo, como durante as ondas de calor. Essa chuva vai servir para regular também a temperatura na área central do país. Ainda vai fazer calor, esse ar frio que ainda consegue chegar no Rio Grande do Sul não vai avançar para outras áreas do Brasil. A tendência é de um período bem tradicional, indo para o verão — finaliza Lopes.