O resultado da tragédia climática que atinge o leste da Espanha pode ser visto em imagens de satélite. Uma captura feita em 13 de outubro, mostra a cidade de Valência, uma das mais populosas, antes da inundação causada por tempestades que iniciaram na terça-feira (29). Em outro registro, do dia 30 de outubro, é possível ver ruas alagadas, rios transbordados e cheios de lama.
Províncias da região de Valência tiveram ruas transformadas em rios, com a força da água arrastando o que estava pela frente.Em alguns pontos, caiu, em poucas horas, o equivalente "a um ano de chuva" sobre zonas densamente povoadas, afetando um grande número de pessoas, indicou a Agência Estatal de Meteorologia (Aemet).
O número de mortos passa de 150 e, segundo autoridades locais, deve aumentar. Ainda há "dezenas e dezenas" de desaparecidos nas inundações, afirmou o ministro da Política Territorial, Ángel Víctor Torres, nesta quinta-feira (31).
O transporte aéreo e o ferroviário nos locais afetados continua suspenso e o trem de alta velocidade entre Madrid e Valência não voltará a funcionar até a próxima semana, informaram as autoridades.
Por que choveu tanto?
O grande volume de chuva foi causado por um fenômeno no Mar Mediterrâneo conhecido como gota fria – que ocorre quando uma massa isolada de ar frio em alta altitude desce sobre uma massa de ar mais quente.
Quando alcançam tal magnitude, as gotas frias, podem ter "um efeito muito similar" aos furacões, diz Jorge Olcina, professor de Climatologia da Universidade Valenciana de Alicante, que vincula o desastre à mudança climática.
A violência da enchente também é explicada pela secura dos solos nas regiões afetadas, resultado de anos de períodos sem chuva na Espanha. Isso favorece um fenômeno no qual a terra é incapaz de absorver tanta água.
A região de Valência também se caracteriza por diversas áreas com solos artificiais, onde os espaços naturais foram suplantados pelo concreto, completamente impermeável.