Uma onda de calor marinho no recife da Flórida elevou a água a quase 32°C, um nível considerado sem precedentes. Por conta disso, a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (Noaa) dos Estados Unidos, agência que é referência para meteorologistas, precisou criar três novos níveis de alerta para compensar as taxas de mortalidade e os níveis de branqueamento de corais mais elevados.
De acordo com o The Washington Post, durante mais de uma década, os especialistas marinhos confiaram numa escala de alerta da Noaa para sinalizar a tensão que o calor dos oceanos exerce sobre os corais e os níveis de branqueamento. O sistema com dois alertas era o suficiente até pouco antes do ano passado, antes de a temperatura dos oceanos bater recordes devido a eventos associados ao El Niño e às mudanças climáticas.
A onda de calor marinho na Flórida causou o branqueamento completo dos recifes em alguns pontos. O fenômeno forçou, também, grupos de restauração a retirar alguns corais da água. Os níveis anteriores da Noaa já não faziam um trabalho adequado para mostrar o quão extremos eram os impactos do estresse térmico nos recifes.
O novo sistema visa dar uma melhor noção de como os recifes de coral respondem ao calor extremo. Quando os corais estão estressados, seja pelo calor ou por outros motivos, eles liberam algas – que lhes fornecem alimento e cor – e acabam ficando com aparência pálida ou branca. Um coral branqueado não necessariamente está morto, mas pode significar que está mais vulnerável.
No antigo sistema, o segundo alerta significava uma catástrofe. Agora, são cinco níveis de alerta, sendo o último – Alerta de Branqueamento Nível 5 – responsável por sinalizar a mortalidade quase completa (80%) dos corais. O Alerta de Branqueamento Nível 3 está associado ao risco de mortalidade de diferentes espécies, e o Alerta de Branqueamento Nível 4 está associado à mortalidade grave (50%) .
— Sabemos que os eventos de branqueamento vão aumentar em frequência, gravidade e magnitude, porque foi exatamente isso que aconteceu nos últimos 40 anos. Se eventos como este se tornarem comuns, os recifes de coral terão dificuldades para sobreviver nos próximos 20 anos ou mais — disse ao The Washington Post Derek Manzello, ecologista do Noaa.
Os novos alertas devem preparar os cientistas para esses eventos.