A condição meteorológica era de chuva moderada no momento da queda do avião ATR-72, que ocorreu nesta sexta-feira (9), em Vinhedo (SP). A aeronave saiu de Cascavel, no Paraná (PR), com destino a Guarulhos (SP). Foi o acidente aéreo com o maior número de vítimas em solo brasileiro, desde o de 17 de julho de 2007, que vitimou 199 pessoas, no aeroporto de Congonhas.
Segundo a Climatempo, o radar meteorológico de Bauru (SP) não registrou chuva significativa no instante da queda, mas havia áreas de instabilidade se deslocando pelo centro-leste do Estado, nas proximidades do acidente. A aeronave estava a aproximadamente 5,6 mil metros de altitude quando enfrentou forte vento de cauda associado à frente fria que passava pela região.
Os modelos meteorológicos estimavam temperatura entre -9°C e -11°C na altura correspondente a 500hPa, por volta das 13h, onde a formação de gelo era uma possibilidade. A situação foi potencializada pela primeira frente fria continental do sul do Brasil, que trouxe mudanças no tempo e intensificou a instabilidade na região desde a quinta-feira (8).
— Havia possibilidade de chuva de moderada a forte intensidade e foi o que vimos no radar meteorológico. Tinha previsão e passagem de frente fria, mas no momento da queda era de fraca a moderada, sem rajada de vento associada — explica o meteorologista da Climatempo Guilherme Borges.
Formação de gelo nas asas
Com a instabilidade no tempo, é comum que ocorra a formação de gelo em altas altitudes. Essa, inclusive, é uma das hipóteses para a queda da aeronave, pois poderia ter causado uma falha no sistema anticongelante do avião, provocando um acúmulo de gelo nas asas.
Além disso, a rede de meteorologia da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) registrou um aviso de "formação de gelo severa" entre as altitudes de 12 e 21 mil pés na região Sul. Segundo Borges, no entanto, não é possível afirmar que isso teria causado o acidente:
— É comum que a temperatura caia com a altitude e o gelo se forme. Porém, os aviões hoje em dia são equipados com proteção para a formação de gotículas de água ou gelo em torno dele. Por isso, seria errado afirmar com certeza que isso aconteceu, sem um relatório do Cenipa. No nível que o avião estava, não temos como afirmar com certeza se foi formação de gelo ou não.
O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) é o órgão responsável por investigar acidentes aéreos e apontar suas causas.
A aeronave da Voepass levava 57 passageiros e quatro tripulantes. A prefeitura de Vinhedo (SP) informou que não há sobreviventes.