Eles sofreram com a maior tragédia climática do Rio Grande do Sul e ainda tiveram que lutar contra uma doença grave. Mas, nem por isso, perderam a disposição para brincadeiras e para assumirem o posto de “melhor amigo” de alguém disposto a lhes receber. Resgatados da enchente, 27 cães se recuperam da cinomose e estão em processo de adoção no abrigo da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), em Canoas. Alguns ainda aguardam um tutor.
A cinomose é uma doença viral com tratamento sintomático. Quando o animal sofre com problemas estomacais, o foco dos veterinários é esse, por exemplo. Já quando os casos são neurológicos ou respiratórios, alteram-se os cuidados, sempre atuando de acordo com as manifestações. Além disso, há a preocupação com a melhora da imunidade.
Já negativados para a infecção, agora eles receberam um novo desafio: posaram de modelos, na busca de encontrar um novo lar acolhedor. O book fotográfico ocorreu na manhã de sábado (3), no próprio abrigo, com a realização e coordenação de voluntários. Atualmente, são sete animais disponíveis para novos adotantes.
— Vendo e atuando aqui, percebi que ainda há pessoas que têm preconceito com a doença. Alguns não são adotados só pelo fato de terem tido cinomose, mesmo já estando negativados. Então, como já tive um projeto de divulgação para adoção, sei da importância que tem nessas horas — conta Bruna Freitas, estudante de Veterinária e voluntária no espaço de isolamento para o tratamento da cinomose no abrigo da Ulbra.
Por meio do pai de uma amiga, as fotos foram acertadas. Demetrius Avila Pereira aceitou participar da ação fazendo as fotografias e, então, Bruna foi atrás de acessórios, como adesivos e bandanas, para deixar os pets ainda mais charmosos para os registros.
— Mas eles não deixam colocar muita coisa, porque não são acostumados (risos). Ficaram a coisa mais linda. Quando as pessoas veem fotos em abrigos, ficam tristes, pensam ‘coitadinhos’. Quando veem uma foto bonita, é diferente, falam ‘que lindo! Quero ele para mim’. Então, estamos tentando conseguir adotantes. Eles precisam muito de um lar. Estão vivendo em baias, correntes, há mais de 70 dias — complementa.
As divulgações iniciaram nesta segunda-feira (5), por meio das redes sociais. Interessados podem acessar as contas de Instagram: @adoteumviralatars, @vetbrunafreitas ou @gabibraunaguiar e enviar mensagem ou entrar em contato pelo WhatsApp (51) 99947-4949, com Gabriela Braun Aguiar.
Há cães que também serão adotados por tutores de outros Estados, em uma parceria com a Força Aérea Brasileira (FAB).
Confira as características de cada cão
- Rui: macho, castrado, em torno de dois anos, porte M (14,5 quilos)
- Tigra: fêmea, castrada, em torno de três anos, porte M (16,7 quilos)
- Dentinho: macho, castrado, em torno de nove anos, porte M (11 quilos)
- Tony Tornado: macho, não castrado, até dois anos, porte M (18 quilos)
- Grandão: macho, não castrado, sequela neurológica (anda incoordenado) e deve ser filho único, em torno de cinco anos, porte G (28 quilos)
- Glória: fêmea, não castrada, em torno de dois anos, porte G (30 quilos)
- Miguelito: macho, não castrado, em torno de dois anos, porte M (17 quilos)
Entenda o caso
O abrigo da Ulbra foi um dos que mais acolheu animais durante a enchente. Do total de mais 2 mil, em torno de 60 positivaram para a cinomose e foram encaminhados a uma área de isolamento. No local, recebem tratamento 24 horas assistido por veterinários, com apoio da protetora Deise Falci.
Como é mantido por doações, o espaço atualmente ainda necessita de sachês e rações super premium. Quem desejar contribuir, pode ir presencialmente à Avenida Farroupilha, 8001, bairro São José, Canoas, ou entrar em contato pelo Instagram.
Recentemente, o Estado chegou a registrar 18,4 mil animais ainda em abrigos, o que resultou em manifestações de preocupação de entidades ligadas à causa. No momento, o portal com os dados se encontra em manutenção.