“Felizmente, sim”, disse o meteorologista Marcelo Schneider, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), ao ser questionado pelo apresentador Leandro Staudt da Rádio Gaúcha se o “pior momento” da crise climática que atinge o Rio Grande do Sul desde o fim de abril já passou. Schneider projetou tempo predominante seco no Estado pelos próximos 10 dias, com ocorrência de chuva apenas uma vez no período.
Ao menos 469 municípios foram afetados pelos temporais que atingem o Estado desde o fim de abril. Até o momento, a chuva causou 169 mortes e mais de 600 mil pessoas seguem desabrigadas. Em Porto Alegre, maio foi o mês mais chuvoso desde 1916, com registro de 539,6 milímetros de chuva até a manhã desta quarta-feira (29).
Neste momento de retomada, a boa notícia é que não há previsão de chuva intensa nos próximos dias. Em entrevista ao Gaúcha Mais desta quarta, Marcelo Schneider projetou tempo firme, com temperatura agradável
— Pelo menos esses próximos 10 dias, talvez duas semanas, nós vamos ter só um evento de chuva, um chuvisco muito isolado, no final do domingo para a segunda-feira. Uma frente fria passa, mas em princípio ela não deve provocar os volumes de chuva, só alguma instabilidade — salientou.
Em junho, os termômetros devem alternar entre temperaturas altas e baixas. Conforme o meteorologista, há possibilidade de um período de veranico na metade do mês, antes de chegada de uma nova frente fria ao Estado, com dois ou três dias mais quentes. Após o calor, a instabilidade deve voltar ao RS, especialmente à Região Norte.
Schneider explica que a instabilidade que atingiu níveis históricos no Estado durante maio tem influência do El Niño, que bloqueia a chegada de frentes frias, e do aquecimento da água dos oceanos, que traz umidade ao RS.
— Foram basicamente três fatores. Um El Niño de intensidade forte, que começou lá na segunda metade do inverno do ano passado. Mas além do El Niño, desde o ano passado a gente tem esse bloqueio muito quente, o ar seco e quente que tomou conta do Brasil central (...) E além desse fator, a gente pode colocar na conta das mudanças climáticas, principalmente os oceanos. Teve nesses últimos meses o oceano Atlântico Norte. Lá na região próximo do Caribe, na costa do Brasil, na região Norte e Nordeste, a água muito aquecida. É de lá que vem o vento quente e úmido de Nordeste, ele atravessa toda a região da Amazônia e vem abastecer esse canal de umidade da Amazônia e chegar até o Rio Grande do Sul — explicou.
O meteorologista também explicou sobre o funcionamento dos pluviômetros, ferramenta que calcula o volume de chuva, e falou sobre os serviços do Inmet. Abaixo, escute na íntegra o Gaúcha Mais desta quarta-feira, realizado diretamente da sede do Inmet em Porto Alegre, com participação de Marcelo Schneider:
*Produção: Lucas de Oliveira