Ao mesmo tempo em que se preocupam com um novo aumento dos níveis das inundações, moradores de munícipios da Região Metropolitana tentam entender o que deu errado na retenção da forte chuva ocorrida desde o fim de abril. Para Walter Collischonn, hidrólogo da UFRGS, o atual sistema de contenção deveria ter sido eficaz em cidades como Canoas e Porto Alegre. O especialista concedeu entrevista à Rádio Gaúcha na manhã desta segunda-feira (13).
— Depende da região. Na Região Metropolitana, o sistema existente deveria ter evitado a inundação, exceto em São Leopoldo, onde pode ter excedido a própria capacidade de contenção. Em Porto Alegre e Canoas, o sistema tinha capacidade de suportar. Esses bairros deveriam ter sido protegidos. Houve falhas no sistema de comportas, que deixaram passar água. Os fechamentos não foram estanques. As casas de bombas não estavam disponíveis de forma adequada. Não conheço os detalhes, mas houve falha generalizada — destacou.
O especialista também falou sobre a região dos Vales, especialmente sobre Lajeado, Sinimbu e Roca Sales, que também sofreram com alagamentos.
— Em Lajeado, Sinimbu e Roca Sales não existe um sistema com diques. Isso seria inviável. Em Lajeado, o rio sobe cerca de 20 metros. Não existe dique de 20 metros. Teria de ter outra solução. O que parece mais adequado nos vales é um sistema de alerta mais qualificado — ressaltou.
Collischonn voltou a reforçar a possibilidade de repique no nível do Guaíba, algo já verificado nas medições mais recentes. Na manhã desta segunda-feira, o lago chegou a 4m80cm.
— Em partes (locais), a chuva superou o que estava previsto. Em outras, ela não foi tão intensa. Estamos fazendo uma nova previsão, que logo será divulgada. É esperado um aumento no nível da água em Porto Alegre. O pico ao longo da semana ainda não temos como adiantar, mas vai haver um repique da cheia — pontuou.
Ele ainda comentou a informação de que o nível do Guaíba poderia atingir novo recorde:
— No pico anterior, teve um nivelamento da água do Guaíba com a dos bairros. O nível não vai ser muito mais alto, pelo menos isso era o indicado ontem (domingo). Temos dados um pouco mais apurados, mas nossa rede de monitoramento não é muito densa. Temos falhas de observação. Na medida do possível, a estimativa vai ser divulgada, mas não temos como cravar o aumento do nível em Porto Alegre.