Uma região de alta pressão favorece a formação da quarta onda de calor do ano no Brasil, alcançando parte do RS. Desta vez, o fenômeno começará a afetar áreas do Mato Grosso do Sul e Paraná e, lentamente, migrará para o leste do Sudeste do país, onde ficará estacionado atuando como um bloqueio atmosférico, dificultando a chegada de frentes frias para o Centro-Oeste e Sudeste. No Rio Grande do Sul, essa onda afetará as Missões, o Norte e a Serra, onde a temperatura deve variar entre 3°C e 5°C acima da média para o período de 22 de abril a 2 de maio.
Esse sistema de alta pressão, que se forma nos níveis médios da atmosfera no Centro-Sul do Brasil, favorece a manutenção do ar quente e inibe a formação de nuvens carregadas. Assim, a temperatura se eleva no país. Apesar desse aumento, os gaúchos não deverão sentir tanto impacto de início, pois deve chover, pelo menos, até a próxima quinta-feira (25), amenizando o calorão, que deverá ser sentido mais entre a sexta-feira (26) e o final de semana, quando a chuva perde intensidade.
—A onda de calor vai se elevando e ganhando intensidade gradualmente ao longo da semana e, mais para sexta-feira, veremos temperaturas mais significativas no país. Como na faixa Norte a chuva diminui, o calor deverá ser mais sentido— explica o meteorologista da Climatempo Guilherme Borges.
A última onda de calor que atingiu o Rio Grande do Sul ocorreu em março. Diferentemente do fenômeno atual, que está estacionado, ele começou afetando algumas regiões e aumentou sua abrangência com o passar dos dias.
O meteorologista também esclarece que, embora haja conexão com o El Niño, que favorece a formação de ondas de calor no país, a explicação para esses extremos é a mudança climática global. Já foram registrados quatro fenômenos desse tipo somente neste ano.
—A gente já tem algumas regiões com temperatura acima do normal, devido ao El Nino. Combinado a estes sistemas de alta pressão, que tem ocorrido com muito mais frequência devido às mudanças climáticas no planeta, a temperatura sobe muito mais do que o habitual— explica Borges.
Por fim, de acordo com o meteorologista, o fenômeno não deverá afetar outras regiões do RS, que terão temperaturas dentro da normalidade para a época. É possível até que fiquem abaixo do padrão, devido à chuva que continua no Estado e à incursão de uma massa de ar frio vinda do alto-mar. A onda de calor deve persistir, pelo menos, até o dia 2 de maio. A Climatempo ressalta que, embora os modelos meteorológicos indiquem a manutenção deste padrão climático até esse período, há possibilidade da manutenção pela primeira semana de maio.