O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou, nesta terça-feira (8), o compromisso em zerar o desmatamento na Floresta Amazônica até 2030. Em pronunciamento na Cúpula da Amazônia, o petista afirmou que, nos sete primeiro meses do ano, os alertas de desmate caíram 42,5% no bioma.
Lula pediu aos líderes da região que se unam para assegurar a preservação do bioma. Segundo o brasileiro, o objetivo é articular uma posição conjunta para ser entregue à comunidade internacional na Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas (COP28), que acontecerá em Dubai, em outubro.
— Queremos retomar a cooperação entre nossos países e superar desconfianças — disse ele, que defendeu ainda a colaboração entre as forças armadas da região.
O presidente acrescentou que, durante séculos, sucessivos ciclos econômicos geraram "prosperidade para poucos e pobreza para muitos". Para Lula, a sociedade teve dificuldades para encontrar um equilíbrio entre desenvolvimento e sustentabilidade.
— Durante muito tempo, o mundo falou pela Amazônia; hoje, a Amazônia fala ao mundo — disse.
Para Lula, a Floresta Amazônica não pode ser tratada como um "depósito de riquezas" e que não é um vazio "a ser ocupado" ou um "tesouro a ser saqueado".
— Queremos retomar cooperação com os países e superar desconfianças — disse, durante a Cúpula da Amazônia.
O petista destacou que os recursos da região não serão mais explorados "a serviço de poucos". Segundo ele, o sistema internacional global reservou aos sul-americanos o papel de fornecedor de matéria-prima.
— A transição ecológica justa nos permite mudar esse quadro. A Amazônia é nosso passaporte para uma nova relação com o mundo - uma relação mais simétrica, na qual nossos recursos não serão explorados em benefício de poucos, mas valorizados e colocados a serviço de todos — acrescentou.
Lula também fez críticas ao governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). De acordo com ele, o antecessor tornou o país "um pária entre nações" e permitiu o aumento do desmatamento.
— A crise política que se abateu sobre o Brasil levou ao poder um governo negacionista com consequências nefastas — disse.
O presidente brasileiro acrescentou que redes criminosas se organizaram e ampliaram a insegurança na Amazônia. Ele alegou que seu governo mudou esse cenário.
— E, ao mesmo tempo, conseguimos aumentar a produtividade agrícola na região, mostrando que é possível crescer sem derrubar a floresta — pontuou Lula.
Lula falou sobre os planos de criar um painel técnico-científico para a Amazônia, nos moldes da Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês). O mecanismo é discutido em reunião no âmbito da Cúpula da Amazônia.
— O Observatório Regional Amazônico, que reúne dados sobre temas como recursos hídricos, saúde, biodiversidade e mudança do clima, fornecerá insumos para nossas políticas públicas e iniciativas de cooperação — disse.