O presidente Lula sugeriu, neste sábado (8), que os oito países amazônicos assumam o compromisso de zerar o desmatamento até 2030. A declaração foi feita durante discurso no encerramento da reunião Técnico-Científica da Amazônia, na Colômbia.
Lula reiterou que o Brasil já firmou esse compromisso com o desmatamento zero e acredita que é uma meta comum para a região, que poderá ser discutida na Cúpula da Amazônia, marcada para 8 de agosto. O evento será realizado em Belém, no Pará, e receberá os presidentes de Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela. Emmanuel Macron, presidente da França e representante da Guiana Francesa, também foi convidado.
No discurso, o presidente brasileiro destacou ainda o papel central que a Amazônia desempenha no Cone Sul e a importância de preservar a região. Ele frisou que os países amazônicos têm dois desafios a enfrentar juntos. O primeiro é institucional, com o fortalecimento do Tratado de Cooperação Amazônica.
O outro é político, e se refere a uma nova visão de desenvolvimento sustentável para a região. Por isso, o presidente sugeriu a formalização de um fórum das cidades amazônicas e o parlamento amazônico, pois a atenção com esse bioma é compartilhada pelos países.
O presidente sinalizou que o governo pretende institucionalizar o Observatório Regional da Amazônia, uma iniciativa para sistematizar e orientar dados de todos os países para monitorar políticas públicas. Lula também sugeriu criar um comitê de especialistas, aos moldes do IPCC da ONU, sobre a Amazônia.
O líder brasileiro voltou a cobrar a liberação de recursos para o combate às mudanças climáticas por parte dos países desenvolvidos, e criticou mecanismos como o Fundo Global para o Meio Ambiental. Em sua visão, ele reproduz uma lógica excludente, porque obriga países sul-americanos e amazônicos - como Brasil, Colômbia e Equador - a dividir uma cadeira do fundo. Por outro lado, Estados Unidos, Canadá, França, Itália e Suécia ocupam, cada um, uma cadeira.
— Esta é mais uma evidência de que a governança global precisa mudar e ser reformada —disse.
A reunião deste sábado foi organizada pelo governo da Colômbia, em antecedência à Cúpula da Amazônia. Mais cedo, Lula se encontrou com o presidente Gustavo Petro na Universidade Nacional da Colômbia. Os dois discutiram sobre o desmatamento, crimes ambientais transnacionais e estratégias para conservar a região amazônica, assim como mecanismos de financiamento para estas ações, de acordo com informações divulgadas pelo governo da Colômbia.