Criada em 1986 e situada entre os municípios de Rio Grande e Santa Vitória do Palmar, no sul do Estado, a Estação Ecológica do Taim tem 33 mil hectares entre a Lagoa Mirim e o Oceano Atlântico. É considerada um santuário de aves, principalmente aquáticas, com registro de cerca de 250 espécies.
Desde 1996 o parque está na lista tentativa da Unesco para ser reconhecido como Patrimônio Natural Mundial. Essas indicações são feitas pelos próprios países e enviadas à entidade, que elege alguns lugares por ano, sejam eles patrimônios naturais, culturais ou até mesmo mistos.
Segundo o arquiteto José Pedro de Oliveira Costa, professor pesquisador do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP), o Taim é importante por ser uma região lagunar e costeira, características que estão sub representadas entre os patrimônios da Unesco. É, inclusive, o único espaço no Rio Grande do Sul indicado nessa lista.
— Existe um excesso de catedrais góticas europeias na lista, enquanto outras áreas do mundo estão pouco representadas. A Unesco só vai analisar 36 sítios por ano, e há agora critérios de prioridade, que são os sítios africanos, pouco representados, e os sítios marinhos e costeiros. Os Lençóis Maranhenses é um sítio marinho e costeiro, assim como o Taim — diz o professor, que é representante no Brasil da ONG World Heritage Watch, entidade que colabora com a Unesco fiscalizando os lugares já reconhecidos como patrimônio ou que ainda estão na lista indicativa.
A prioridade do Brasil, no entanto, deve ser o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, cujo dossiê está pronto há quatro anos e foi elaborado pelo próprio Oliveira Costa. Mas a indicação é uma decisão do governo federal. O prazo final para envio à Unesco é 31 de janeiro.
A Unesco diz que a inclusão do Taim na lista de lugares do mundo cotados para se tornarem patrimônio se deve pelo fato de o parque ser um representante do ecossistema brasileiro.
"As muitas espécies de animais, especialmente as aves, estão ameaçadas pelas mudanças de crescimento que afetam o pântano, uma vez que tem sido usado para pastagem e cultivo, sem qualquer tentativa de preservação da vida selvagem; este processo levará à extinção de certas espécies como a lontra, o ratão, o crocodilo e muitas outras", diz nota da entidade.