A devastação na Mata Atlântica teve um avanço significativo em 2021, como mostra o Sistema de Alertas do Desmatamento (SAD) da Fundação SOS Mata Atlântica, que irá emitir alertas mensais sobre o tamanho dos estragos no bioma. A nova ferramenta, lançada na terça-feira (1), analisou o impacto da agressão ambiental em quatro bacias monitoradas: do Rio Tietê (SP), do Rio Iguaçu (PR), do Rio Jequitinhonha (BH e MG) e de Bonito (MS). Foram registrados 1.103 alertas de desmatamento no ano, com 6.739 hectares afetados.
O SAD identifica o impacto da destruição em áreas de até um terço de hectare via imagens de satélite dez vezes mais aproximadas do que o sistema costumava obter, diz a ONG.
— Com esses dados novos, com melhor resolução das áreas afetadas, temos indícios de desmatamento ilegal — afirma Luís Fernando Guedes Pinto, diretor de conhecimento da Fundação SOS Mata Atlântica. Ele destaca que normalmente o satélite só enxergava o desmate em áreas de 30 mil m².
— Agora passamos a ver até 3 mil m², um terço de um campo de futebol, e em qualquer tipo de fragmento de florestas, as antigas e também em mais jovens.
Os dados mostram que o desmatamento afeta até regiões próximas de cidades, como ocorre no Estado de São Paulo. A maioria dos alertas (70%) se refere a perdas de vegetação em áreas menores do que três hectares, segundo o novo perfil do desmate do bioma. São pequenos cortes de floresta natural, o que dificulta a fiscalização. A maioria dos alertas, de acordo com a fundação, ocorreu em áreas rurais com predomínio de uso agropecuário (93,7%).
— O que a gente vê agora, com esses dados mais aproximados, é que os produtores rurais aprenderam, infelizmente, a desmatar aos poucos, em pequenas áreas. Era uma tentativa de evitar o controle do satélite — aponta Guedes Pinto.
Segundo o diretor da ONG, o País continua perdendo florestas antigas, mas cada vez mais se observa corte de matas jovens.
— Muitas dessas áreas em regeneração são desmatadas antes de a vegetação atingir estágio de maior maturidade, quando pode acumular mais carbono e abrigar maior biodiversidade.