![Marina Foresti Piccoli / Arquivo Pessoal Marina Foresti Piccoli / Arquivo Pessoal](http://www.rbsdirect.com.br/imagesrc/27466233.jpg?w=700)
Motivado a compartilhar conhecimento, o biólogo Maurício Tavares, 41 anos, do Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos (Ceclimar), aproveitou o período de distanciamento social para criar um canal no YouTube sobre a fauna presente no Litoral Norte gaúcho. No ar há dois meses, o Fauna Marinha RS tem quase 500 inscritos. E um detalhe: os locutores dos vídeos são crianças, incluindo os filhos do biólogo.
O canal do YouTube não é algo estanque. Ele faz parte do projeto de extensão “Conhecendo a Fauna Marinha e Costeira do Litoral Norte do Rio Grande do Sul”, idealizado em 2013 na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Tavares relata que, ao longo dos anos, o projeto de extensão foi sendo integrado às plataformas digitais. Em 2020, a proposta era iniciar uma série de vídeos educativos, num formato lúdico, acessível e com animação gráfica para disponibilizá-los às escolas.
Atuando no monitoramento de fauna de praia há mais de 20 anos e morando em Capão da Canoa, Tavares costuma ir aos locais e fotografar o que observa no ecossistema. Por isso, mantém um arquivo pessoal com inúmeras das espécies encontradas nas praias gaúchas.
— No início da pandemia, passei a revisar o meu material fotográfico e acabei conhecendo um software com versão free para montagem e edição de vídeos. Foi o ponto de partida — recorda o biólogo.
Numa conversa com o filho Pedro Piccoli Tavares, 11 anos, surgiu a ideia de colocar no YouTube o material produzido. Já no primeiro episódio havia a intenção de incluir uma narração com voz infantil para também atrair as crianças que ainda não aprenderam a ler. A filha de um casal de amigos foi quem fez a primeira gravação. Nos dois seguintes, a outra filha de Tavares, Flora, nove anos, e Pedro gravaram em casa, com a ajuda do pai.
— Gostei de participar porque é divertido gravar, apesar de difícil, e também ensinamos as pessoas sobre os bichinhos — comenta Pedro.
![Maurício Tavares / Arquivo Pessoal Maurício Tavares / Arquivo Pessoal](http://www.rbsdirect.com.br/imagesrc/27466240.jpg?w=300)
— Gosto muito de gravar os vídeos com o meu pai porque é divertido. E os bichos que ele escolhe são os mais fofos do mundo. Quando eu gravei o tuco-tuco, fiquei apaixonada por ele — confidencia Flora.
Tavares é o responsável pelos roteiros, pelas escolhas das espécies, das imagens (muitas são fornecidas por colegas da área) e da seleção de sons dos animais. As gravações dos narradores não ocorrem em dias fixos.
— É mais difícil gravar com os meus filhos porque eles estão estudando em casa. O meu pequeno, de cinco anos, já disse que não quer mais gravar — comenta o biólogo, aos risos. — Consigo também parceria com crianças de outros colegas, que viram os primeiros vídeos e pediram para participar. Vou mudando as vozes a cada episódio para não ficar cansativo — completa.
![Marina Foresti Piccoli / Arquivo Pessoal Marina Foresti Piccoli / Arquivo Pessoal](http://www.rbsdirect.com.br/imagesrc/27466234.jpg?w=700)
Episódios seguem o período de cada animal
A grade de episódios foi montada de acordo com a ocorrência dos animais no Litoral Norte. O pinguim-de-magalhães, a baleia-franca e o lobo-marinho-sul-americano, por exemplo, já foram temas porque eles aparecem na região no período do inverno. As aves migratórias, que costumam aumentar no período da primavera, já estão integrando os episódios atuais. Quando não há animais migratórios, Maurício inclui as espécies encontradas durante todo o ano, como o sapo-da-areia e a garça-branca-pequena, que já foram personagens.
— É para as pessoas entenderem essa mudança que existe na fauna. Algumas espécies só encontramos numa época do ano — justifica.
Entre os episódios favoritos do biólogo está o de número 10, do tuco-tuco-das-dunas, um dos que tiveram mais acessos até agora:
— É mamífero, é simpático, só vive na planície costeira do Rio Grande do Sul, de Arroio Teixeira ao Chuí, e muitos ainda não o conhecem.
Outro destacado pelo criador do canal é o episódio três, sobre a baleia-franca-austral, narrado pela filha Flora e também um dos mais acessados.
Tavares explica que não há uma definição de quantidade de episódios para o canal, pois o tema é vasto. São milhares de aves, anfíbios, répteis, mamíferos, peixes e invertebrados como siris, caranguejos e águas-vivas presentes no Litoral Norte. A intenção é atrair um número maior de público neste início, com vídeos semanais, e, com o passar dos meses, torná-los quinzenais.
— São pequenas mensagens importantes e acessíveis a qualquer momento, para qualquer pessoa. Eles podem ser usados em aula. Tem uma professora de Viamão que pediu para usá-los na escola. Só isso já nos deixou muito felizes — comemora o biólogo.
Você pode colaborar
O criador do canal ressalta que qualquer pessoa pode ser colaboradora do canal com imagens, vídeos de espécies animais de ocorrência costeira ou marinha, ou, ainda, com a locução para algum episódio. A preferência é sempre para crianças entre cinco e 12 anos. A ideia é abordar qualquer organismo animal (vertebrado ou invertebrado).
Fotos e vídeos ou dúvidas sobre a fauna marinha do litoral gaúcho podem ser enviados diretamente para faunamarinhars@gmail.com ou fauna_marinha@ufrgs.br.
Conheça o canal neste link: http://bit.ly/FaunaMarinhaRS