O ciclone-bomba que atingiu o Rio Grande do Sul entre terça-feira (30) e quarta-feira (1º) deixou estragos em diferentes regiões, mas as cidades mais prejudicadas até o momento estão nos Campos de Cima da Serra. Até as 11h desta quarta, segundo a Defesa Civil, Vacaria, Capão Bonito do Sul, Muitos Capões e Cambará do Sul contabilizavam 958 das 1,1 mil pessoas desalojadas pelo vendaval no Estado. Além disso, os quatro municípios contabilizaram 237 edificações danificadas.
Estragos causados por vendavais são registrados com frequência na região mais alta do Estado. Professor dos programas de graduação e pós-graduação em Meteorologia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Ernani Nascimento explica que isso ocorre por causa da maneira como os ciclones extratropicais se formam na costa do Estado, posicionando-se mais ao Norte. Isso faz com que a Metade Sul permaneça mais seca e a Metade Norte mais úmida.
– Quando se forma o ciclone na costa, ele direciona a umidade e o calor para o norte do Estado, bem em cima da Serra. Isso faz com que a região crie as condições para gerar essas tempestades severas – aponta.
A meteorologista da Somar Meteorologia Catia Valente reforça que a localização dos ciclones extratropicais é o fator preponderante para tornar a região serrana mais propensa a ser atingida de maneira intensa pelos fenômenos climáticos, mas ela levanta outra possibilidade que pode contribuir para isso.
– Pela altitude da região, pode ser que esses sistemas de baixa pressão atmosférica ganhem mais força ali – complementa.
O papel da topografia na incidência de vendavais e temporais na Serra é trabalhada como uma hipótese por pesquisadores na área de meteorologia. No entanto, especialistas salientam que ainda não há comprovação de que esta seja uma das causas para a região sofrer mais estragos do que outras quando ocorrem tempestades.
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