Um zoológico na Faixa de Gaza, nos territórios palestinos, está fazendo uma promoção que oferece aos seus visitantes a oportunidade de brincar com uma jovem leoa, cujas garras foram cortadas.
Apesar de ser criticado por ONGs de defesa dos direitos dos animais, o zoológico explica que, com a exposição, será possível garantir a sobrevivência do parque em um território que sofre com a pobreza.
Aos 14 meses, a leoa Falestine é considera dócil o suficiente pela direção do zoológico de Rafah para manter contato com os visitantes fora de sua jaula.
A experiência começou na terça-feira (12), quando o felino de pelo castanho foi brevemente colocado na presença de visitantes, mantidos cautelosamente a distância, pela primeira vez desde que uma operação foi realizada para cortar suas garras há duas semanas.
O teste não dissipou as preocupações sobre a segurança dos visitantes, começando com as crianças e o pessoal ligado aos cuidados e ao bem-estar do animal.
Falestine rosnou de forma ameaçadora quando sua jaula se abriu. Colocada em um recinto fechado com uma cerca atrás da qual várias crianças se aglomeravam, ela tentou, em vão, pregar suas garras no tronco de uma árvore e, depois, aparentemente frustrada, dedicou-se a mordê-lo.
Anas Abdel Raheem, um menino de 12 anos, olha por cima da cerca e afirmou que não tem medo, mas que ficou feliz que a leoa não o tenha mordido.
— Meus amigos podem ver as fotos que eu publiquei no Facebook e WhatsApp —diz ele.
Instinto intacto
— Nós cortamos as garras para desacelerar seu crescimento e os visitantes, especialmente as crianças, poderem brincar com ela — explica Fayez al Haddad, veterinário que operou Falestine no próprio zoológico por falta de uma clínica especializada na Faixa de Gaza.
— Queremos trazer alegria e ver sorrisos nos rostos das crianças, aumentando o número de visitantes, já que o zoológico tem grandes gastos — explica.
Embora a operação tenha sido criticada por defensores dos animais, o veterinário nega que tenha sido um ato de crueldade.
— Falestine mantém seus instintos — diz ele.
Mais uma razão para ser prudente. As garras terão crescido de novo em seis meses, explica, e "um leão não perde seu instinto de atacar".
O zoológico de Rafah abriga cinco leões, entre os quais há três filhotes. As condições dos animais ficam em segundo plano em um território que viveu três guerras contra Israel desde 2008, e está sujeito a um bloqueio israelense e egípcio rigoroso, por isso sofre com pobreza e escassez.
Entre os envelhecidos parques de animais na Faixa de Gaza - que competem para atrair visitantes -, um deles ficou conhecido como "pior zoológico do mundo", designação dada pela ONG Four Paws, que organizou o fechamento em 2016 e a transferência de seus 16 hóspedes para zoos em África do Sul, Jordânia e Israel.
Exemplo do estado lamentável dos animais na Faixa de Gaza, uma ninhada inteira de filhotes de leão chegou a morrer de frio em um dos zoológicos do encrave no mês passado.