"Em frente ao Palácio das Hortênsias, residência de inverno do Governo do Estado, o parque preserva a vegetação nativa e oferece ótimas trilhas para caminhadas, com segurança e bem próximo ao centro da cidade." É assim que um mapa turístico elaborado pela prefeitura de Canela define o Parque do Palácio. Frequentadores, no entanto, jogam dúvidas sobre a segurança nos arredores e a preocupação do poder público com a preservação do local, que terá privatização aprovada ou rejeitada pelos vereadores nesta segunda-feira (13). O parque é uma grande área verde onde fica a residência de verão do governador. Foi entregue ao município com o compromisso de que a prefeitura erguesse no local um Centro de Eventos - o que não aconteceu.
Sentada em um dos poucos paradouros do parque, a auxiliar de cozinha Daiana Oliveira revela indignação com a ideia de a prefeitura entregar o parque à iniciativa privada. Para ela, a área deveria ficar intocada.
– Venho no intervalo do trabalho, venho de dia, venho à noite com os amigos. A gente sempre vem para cá, senta nas pedras, toma um vinho. É um lugar incrível. Tomara que não construam nada, deixem isso para a gente. Está bom assim – diz Daiana.
Natural de Novo Hamburgo e há 10 anos morando em Canela, a aposentada Isabel Scheid destaca que o reduto é um dos poucos sem apelo comercial na cidade, repleta de parque temáticos e atividades caras.
– Não há lugares públicos para as pessoas confraternizarem no centro. Esse parque inclusive contribuiu para que viéssemos morar aqui. Estávamos procurando terreno focados em Gramado, mas nos indicaram um condomínio aqui e, no caminho, entrei nesse parque. Fiquei encantada – relata Isabel.
A aposentada declara-se favorável à modernização do local, incluindo melhor infraestrutura. Ela, como diversos outros frequentadores, pede que isso seja feito pelo município, "sem descaracterização do local por alguma empresa".
Já entre artesãos e produtores rurais, que seriam contemplados pelo projeto da prefeitura de feiras permanentes com o parque cedido à iniciativa privada, as opiniões são em sua maioria favoráveis à mudança.
– Como vendo em espaço público, se disponibilizarem lá um lugar com segurança, eu apoio. Até acho que é viável o negócio – declara Wanderlei Lídio, um dos fundadores da feira de orgânicos realizada no município.
– Acho uma boa que se privatize. Olha quanto emprego isso vai gerar. Seria bom para os artesãos também: é um ótimo projeto colocá-los ali no espaço, porque não há lugar de destaque para todo mundo expor seu trabalho na cidade – diz Juliana Graziola, membro da Associação Canelense dos Artesãos.