Após extinguir, por meio de uma Medida Provisória, o seguro obrigatório para veículos, o Dpvat, o governo Jair Bolsonaro ainda não sabe ainda quem será responsável por fornecer os papéis usados para emitir o documento de mais de 65 milhões de veículos licenciados por ano no país a partir de 2020.
O problema é que a Seguradora Líder, responsável pela administração do Dpvat, era também encarregada da confecção e distribuição das cédulas verdes utilizadas anualmente pelos Detrans de todo o país para imprimir o Certificado de Registro de Licenciamento de Veículo. O papel é popularmente conhecido como "o documento do carro". A situação se agrava se considerado que os papéis começariam a ser distribuídos na virada deste ano.
O documento é usado pelos Detrans dos Estados que imprimem informações sobre o veículo (placa, chassi, cores, modelo), o comprovante de pagamento do Dpvat, o nome do proprietário e também informações de como acionar o seguro obrigatório, em caso de acidente.
Em 2018, foram emitidos 65,2 milhões de documentos deste tipo durante o processo de licenciamento dos veículos — volume que vem aumentando a cada ano. A tarifa paga por cada dono de veículo pelo papel é de R$ 4,15. Sendo assim, só a emissão e distribuição deste papel, que é responsabilidade da Líder, custa mais de R$ 270 milhões.
O governo Bolsonaro admite que ainda está estudando quem será o novo responsável pelo serviço, uma vez que a Líder não deve mais atuar com o Dpvat. Segundo o Ministério da Economia, ainda não há uma decisão tomada. O Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), vinculado ao Ministério da Infraestrutura, também diz estar avaliando os ajustes e procedimentos após decisão do presidente Bolsonaro.
Uma das possibilidades aventadas no setor é de que o custo das cédulas recaia sobre os Detrans de cada Estado, que há décadas, eram os responsáveis pela emissão do papel.