Outubro será astronomicamente agitado. Eclipse solar anular na quarta-feira (2), superlua do caçador entre os dias 16 e 17, duas chuvas de meteoros – uma com detritos do cometa Halley – e diversas conjunções entre estrelas e planetas estão previstos no calendário do mês, que ainda será marcado pela passagem do "cometa do século".
Alguns destes eventos celestiais serão visíveis a olho nu, caso da chuva de meteoros Oriônidas. Conforme o Observatório Astronômico da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o fenômeno caracteriza-se por reunir detritos deixados pelo cometa Halley no espaço e terá seu ápice entre os dias 20 e 21 de outubro.
Na quarta-feira (2), precisamente às 15h49min começa o ciclo lunar de outubro. O calendário do mês guarda a penúltima superlua de 2024, visível em todo o Brasil entre a noite de 16 e madrugada de 17 de outubro.
A reportagem de Zero Hora listou os eventos previsto e as datas em que devem ocorrer. Abaixo, confira o calendário astronômico de outubro, entenda os fenômenos e onde eles serão visíveis.
Calendário astronômico de outubro
Eclipse solar anular
Um dos eventos astronômicos mais aguardados do ano, o eclipse solar anular ocorrerá nesta quarta-feira (2). O fenômeno ocorre quando a Lua se posiciona entre a Terra e o centro do Sol, cobrindo a luz da estrela e formando um anel em suas extremidades.
Dessa vez, o fenômeno será visto por completo apenas da Argentina e do Chile, entre 12h44min e 18h46min. Segundo a plataforma Time and Date, no Brasil, o eclipse será visto de forma parcial nos Estados: Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Goiás e Bahia. Quanto mais ao sul do país for, maiores as chances de visualizar o fenômeno. A cidade de Chuí, em solo gaúcho, deve registrar a maior visibilidade.
Chuva de meteoros Draconídeos
Com atividade entre os dias 6 e 10 de outubro, a chuva de meteoros Draconídeos tem seu ápice na terça-feira (8). Aproximadamente 10 meteoros devem cruzar o céu da Terra a cada hora, projeta Gabriel Soares, professor de geografia e técnico do Museu Observatório Astronômico da UFRGS.
Oriunda da constelação de Dragão, a chuva de meteoros Draconídeos será mais visível no Hemisfério Norte. Devido ao posicionamento da Terra, quem vive no Hemisfério Sul terá dificuldades para observar o fenômeno.
— A constelação do dragão, nesta época do ano, está muito baixa no céu, no nosso horizonte. A gente vai conseguir enxergar alguma coisa, não garanto. Bem no início do anoitecer que ela aparece no céu, entre 17h30min, 18h, 19h — explica Soares, que caracteriza o fenômeno visualmente como a passagem de uma estrela cadente, com "risquinhos no céu".
Superlua do Caçador
O fim da noite de 16 de outubro será iluminado pela penúltima superlua deste ano, fenômeno que se estenderá pela madrugada do dia 17. Neste período, a Lua tende a estar 15% maior e 30% mais brilhante que o comum, projeta o professor Carlos Fernando Jung, do Observatório Astronômico Heller & Jung, em Taquara.
A superlua ocorre quando a fase cheia da lua coincide com seu perigeu, momento em que o satélite natural atinge a menor distância da Terra. Jung explica que o fenômeno é resultado desta aproximação, que varia dentro do ciclo lunar devido ao movimento elíptico que a Lua realiza ao redor da Terra.
O nome "Lua do Caçador" faz referência a povos indígenas norte-americanos, que aproveitavam a lua cheia desta época do ano para realizar a caça noturna antes da chegada do inverno.
Chuva de meteoros Oriônidas
Anualmente, em outubro, durante seu movimento de translação, a Terra cruza por detritos deixados pelo cometa Halley no espaço. Neste momento, resquícios do astro como poeira e pequenos pedaços de rocha ingressam na atmosfera do nosso planeta e formam a chuva de meteoros Oriônidas.
Visível no Hemisfério Sul, o fenômeno é oriundo da constelação Orion, cinturão conhecido por "abrigar" as estrelas Três Marias. Durante seu pico, entre os dias 20 e 21 de outubro, a estimativa é de 20 a 30 meteoritos cruzando o horizonte por hora.
Conforme Soares, o melhor período para observar a chuva de meteoros Oriônidas é após a meia-noite. Ele orienta a procurar um lugar afastado da cidade, onde há menos iluminação e olhar em direção às Três Marias.
Cometa do século
Cientificamente conhecido como C/2023 A3 (Tsuchinschan-Atlas), o "cometa do século", como foi apelidado, aproximou-se da Terra no dia 27 de setembro. O astro é visível durante as madrugadas, especialmente no Hemisfério Norte e sua aproximação máxima deverá ocorrer no início da noite de 12 de outubro.
O apelido de cometa do século surgiu do "potencial de brilho" do astro, que, segundo Soares, não deve atingir seu ápice. Por tratar-se de um cometa com cauda, é possível vislumbrar alguns resquícios da sua passagem pela Terra, como "manchinhas" no horizonte.
De acordo com Soares, a observação deve ocorrer antes do nascer do sol, por volta das 4h30min, com olhar voltado ao leste do horizonte (direção em que o sol nasce). Indica-se a utilização de binóculos, para melhorar a visualização.
Conjunções
Outubro será um mês recheado de conjunções celestes, termo que usado para descrever o momento em que dois astros estão visivelmente mais próximos um do outro.
A primeira ocorrerá no sábado (5), quando a Lua estará próxima de Vênus. Para observar os astros lado a lado, é preciso observar o céu em direção ao oeste, no início da noite. Veja as demais conjunções de outubro, conforme o Observatório do Valongo, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ):
- 7/10: conjunção entre a Lua e a estrela Antares, em que os astros estarão afastados por 0,7º graus. No início da noite, olhe para o céu em direção oeste
- 14/10: conjunção entre Lua e Saturno, no início da noite em direção leste
- 23/10: conjunção entre a Lua e Marte, durante a madrugada. Fenômeno pouco visível a olho nu, na constelação de Gêmeos
- 25/10: conjunção entre Vênus e a estrela Antares, na direção oeste do céu, no início da noite
Fases da Lua
- 2/10 às 15h49min: lua nova (Microlua)
- 10/10 às 15h55min: lua quarto crescente
- 17/10 às 8h26min: lua cheia (superlua)
- 24/10 às 5h3min: lua quarto minguante
Para marcar no calendário
- 2/10: eclipse solar anular, visível durante a tarde em regiões do sul da América do Sul
- 5/10: conjunção entre a Lua e Vênus, no início da noite
- 7/10: conjunção entre a Lua e a estrela Antares, no início da noite
- 8/10: ápice da chuva de meteoros Draconídeos
- 12/10: aproximação máxima do "cometa do século", no início da noite
- 14/10: conjunção entre a Lua e Marte, durante a madrugada
- 16 e 17/10: superlua do Caçador, visível entre a noite de 16 e madrugada de 17 de outubro
- 20 e 21/10: ápice da chuva de Meteoros Oriônidas, mais visível após a meia-noite
- 23/10: conjunção entre a Lua e Marte, durante a madrugada
- 25/10: conjunção entre Vênus e a estrela Antares, no início da noite