O diretor executivo da rede social TikTok, Shou Zi Chew, afirmou que a lei promulgada pelo presidente dos EUA, Joe Biden, constitui uma proibição da rede social no país e que a empresa recorrerá à Justiça. A lei determina que a empresa chinesa ByteDance, responsável pela plataforma, repasse a operação da rede social para uma empresa norte-americana em até 270 dias.
— Não se enganem: isto é uma proibição. Uma proibição do TikTok e uma proibição para vocês e para sua voz — lançou Shou Zi Chew em uma mensagem em vídeo publicada na própria plataforma.
— Continuaremos lutando por seus direitos nos tribunais. Os fatos e a Constituição estão do nosso lado e esperamos vencer — afirmou.
A legislação aprovada na terça-feira (23) indica que, caso a ByteDance não cumpra o prazo, a plataforma será removida das lojas de aplicativos de smartphones. A iniciativa já havia sido aprovada anteriormente na Câmara dos Representantes do Congresso.
— É um momento decepcionante, mas não será necessariamente determinante — declarou o CEO da empresa chinesa. —É irônico porque a liberdade de expressão no TikTok reflete os mesmos valores americanos que tornam os Estados Unidos um farol de liberdade — acrescentou Shou Zi Chew.
Polêmica sobre privacidade
Muitos líderes políticos americanos acreditam que o TikTok - que tem 170 milhões de usuários nos Estados Unidos - permite ao governo chinês coletar dados privados para espionar e manipular seus usuários.
— Quando os americanos pensam no poder, o acesso, as capacidades e o controle de que dispõe o TikTok, devem se perguntar o que pensam sobre isso nas mãos da matriz do TikTok e, portanto, do governo chinês e, no fim das contas, dos serviços de inteligência chineses — declarou na terça o diretor do FBI, Christopher Wray, ao canal NBC.
— Investimos bilhões de dólares para proteger seus dados e preservar nossa plataforma de toda manipulação externa — argumenta Chew.
— Essa legislação é inconstitucional — disse Kate Ruane, da ONG americana Center for Democracy and Technology.
Elon Musk, proprietário do X (antigo Twitter), se manifestou na semana passada contra a medida, embora "possa favorecer" sua rede social. Ele alega que sua posição é a de defender "a liberdade de expressão".
O texto vai além do TikTok, já que dá o poder ao presidente dos Estados Unidos de designar outros aplicativos como ameaças à segurança nacional se forem controlados por um país considerado hostil.
Problemas na Europa
Também nesta quarta-feira (24), o TikTok suspendeu um programa lançado na França e na Espanha que oferecia recompensas aos usuários e que havia provocado uma investigação da União Europeia por suspeitas de gerar "comportamentos viciantes".
No X, o TikTok anunciou:
"Suspenderemos voluntariamente as funcionalidades de recompensas no TikTok Lite (uma versão simplificada do aplicativo) enquanto abordamos as preocupações levantadas (pelos reguladores)", citou o comunicado na rede social de Elon Musk.
"O TikTok sempre busca colaborar de maneira construtiva com a Comissão Europeia (o braço executivo da UE) e outros reguladores", complementou a mensagem.