Paleontólogos peruanos e estrangeiros apresentaram nesta quarta-feira (20) o crânio de um golfinho gigante que viveu há 16 milhões de anos nos rios da Amazônia peruana. A descoberta foi publicada na revista científica americana Science Advances.
— Tivemos a sorte de encontrar o crânio quase completo — disse o paleontólogo Rodolfo Salas-Gismondi, do Museu de História Natural da Universidade Nacional de San Marcos, em Lima.
A descoberta ocorreu em 2018, às margens do rio Napo, na região de Loreto, mas a confirmação dos testes de antiguidade foi adiada devido à pandemia de covid-19.
— É um sucesso, porque nos permite conhecer um animal que não sabíamos que existia na Amazônia, principalmente por se tratar de uma região onde a busca por fósseis é difícil — ressaltou o especialista.
Segundo o pesquisador peruano, trata-se de um golfinho cujo comprimento varia entre 3 e 3,5 metros:
— É um animal bastante grande, maior do que qualquer golfinho de rio já descoberto.
Segundo Salas, "é provável que este golfinho possua ancestrais marinhos em todo o oceano e que tenham incursionado pela região amazônica e Índia".
Contribuição para a biodiversidade
Há 16 milhões de anos, a Amazônia peruana era bem diferente. Grande parte da planície amazônica era coberta por um grande sistema de lagos e pântanos chamados Pebas, onde viviam grandes golfinhos.
O sistema Pebas incluía ecossistemas aquáticos e terrestres e se estendia pelo que hoje são Brasil, Colômbia, Equador, Bolívia e Peru.
— É uma grande descoberta, uma contribuição muito grande para a paleontologia e muito importante para compreender a biodiversidade atual — explicou o diretor do Instituto francês de Pesquisa para o Desenvolvimento (IRD), Bruno Turcq.
Um pesquisador do instituto participou da descoberta. Formada por paleontólogos peruanos, americanos e franceses, a expedição foi patrocinada pela National Geographic Society.
Os primeiros cetáceos evoluíram de animais terrestres há cerca de 55 milhões de anos.