Paleontólogos da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) descobriram fóssil de um dinossauro “jovem” depois de 25 anos de escavações. O dinossauro juvenil foi encontrado em associação com um dinossauro já conhecido. A descoberta e o estudo que está sendo realizado a partir dela, foi publicado pelos pesquisadores no periódico científico The Anatomical Record.
O paleontólogo Rodrigo Temp Müller, chefe do Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Quarta Colônia (Cappa), conta que há duas décadas atrás a equipe de paleontologia da UFSM foi notificada sobre a presença de um possível material fóssil em uma estrada na localidade de Água Negra, entre São Martinho da Serra e Santa Maria . No local, os paleontólogos constataram que a descoberta era de um esqueleto fóssil de um dinossauro ainda desconhecido.
Após ser escavado e estudado, o dinossauro foi batizado em 2004 como Unaysaurus tolentinoi, (Lagarto de Água Negra do Tolentino). No entanto, havia algo escondido entre os restos do dinossauro que só foi descoberto agora. Em meio a alguns materiais fragmentados, os pesquisadores perceberam a presença de ossos muito pequenos que poderiam não pertencer ao dinossauro.
—Como são materiais muito pequenos, acabaram ficando em meio aos fragmentos não identificados do primeiro fóssil do Unaysaurus tolentinoi. Quando os pesquisadores examinavam os fósseis do Unaysaurus tolentinoi para os seus estudos, geralmente focavam nos materiais principais. Quando o fóssil foi emprestado para o Cappa pudemos realizar uma varredura detalhada em todos os fragmentos não identificados – explica Rodrigo.
Depois de revisar todos os fragmentos, os paleontólogos concluíram que os elementos se referem a um pé e algumas vértebras de um outro dinossauro misturados aos fósseis do Unaysaurus tolentinoi. Um estudo da anatomia desses novos fósseis revelou que eles pertenceram a um Unaysaurus tolentinoi juvenil.
Descoberta
Sobre a importância dessa revelação, Müller ressalta que ela reforça que novas descobertas podem ser feitas mesmo a partir de fósseis conhecidos há muito tempo. Porém, a informação mais interessante que podemos extrair do pequeno fóssil está relacionada com o próprio comportamento desse dinossauro, aponta.
—Como o fóssil do animal maior e do animal mais jovem estavam associados, podemos inferir que esses animais tivessem o hábito de viver em grupos com indivíduos de diferentes estágios de desenvolvimento.
Essa é uma importante informação sobre a biologia dessas criaturas, uma vez que outras descobertas de dinossauros que viveram em um momento próximo geralmente mostram indivíduos de tamanhos equivalentes vivendo em grupos, mas dificilmente indivíduos em diferentes estágios de desenvolvimento, esclarece o chefe da Cappa.
Próximos passos
Sobre os rumos que a pesquisa terá após essa descoberta, Rodrigo salienta sobre a necessidade de uma constante revisão do material já escavado.
—Os pequenos restos fósseis de um dinossauro que sucumbiu ainda muito jovem e que se mantiveram “escondidos” por 25 anos reforçam a importância de se revisar constantemente os materiais depositados em coleções científicas, mesmo àqueles já bem estudados— afirma.
Müller relata que o objetivo é continuar investigando a biologia desse tipo de dinossauros. Ele destaca que há busca para compreender como os animais eram, e quais semelhanças com espécies atuais podem ser encontradas.
—Para isso, sempre estamos em busca de novos fósseis, sejam materiais da própria localidade de onde ele foi escavado, como também de outros lugares da região central do Rio Grande do Sul.