Pesquisadores da Universidade de Melbourne, na Austrália, e cientistas da empresa de biotecnologia Colossal Biosciences, nos Estados Unidos, estão envolvidos em um projeto multimilionário que tem como objetivo "reviver" o tigre-da-tasmânia (Thylacinus cynocephalus), marsupial carnívoro extinto há cerca de 90 anos. A ideia do estudo é restaurar o código genético do animal em laboratório e devolvê-lo ao seu habitat natural, na ilha da Tasmânia. As informações são da CNN e da revista Veja.
A pesquisa conta com o uso de estudos e tecnologias avançados em genética, recuperação de DNA de espécies antigas e reprodução artificial para "reviver" animais extintos. De acordo com Andrew Pask, professor da Universidade de Melbourne, na Austrália, e chefe do Laboratório Integrado de Pesquisa em Restauração Genética, que está liderando o projeto, a iniciativa tem como principal objetivo conter os impactos das extinções de espécies para a biodiversidade.
Na primeira etapa da pesquisa, os cientistas construirão um genoma detalhado do tigre-da-tasmânia e o compararão com o do seu "parente" mais próximo, o dunnart-de-cauda-grossa, um marsupial carnívoro que tem tamanho equivalente a um camundongo. A partir disso, serão identificadas as diferenças genéticas entre as espécies.
Após a análise dos genomas, os pesquisadores pegarão células vivas de um dunnart e irão editar as partes de seu DNA que diferem das de um tigre-da-tasmânia. Esse material genético editado e programado constitui o que os cientistas chamam de células-tronco.
Em uma fase seguinte do estudo, as células-tronco serão combinadas a técnicas reprodutivas para gerar um embrião, que será transferido para um útero artificial ou de dunnarts geneticamente modificados e semelhantes ao animal extinto.
Se a pesquisa funcionar, os dunnarts acumularão as características genéticas do marsupial extinto e gerarão filhotes que terão células semelhantes às originais do tigre-da-tasmânia. Pask estima que os primeiros filhotes do experimento possam nascer em 10 anos, enquanto o chefe executivo da Colossal Biosciences acredita que os resultados sejam alcançados em seis anos.
— Nosso objetivo final com essa tecnologia é restaurar essas espécies na natureza, onde elas desempenharam papéis absolutamente essenciais no ecossistema. Portanto, nossa esperança final é que você as veja novamente na mata da Tasmânia um dia — explicou Pask em entrevista à CNN.
Além dessa pesquisa, a mesma equipe envolvida no estudo está trabalhando em outro projeto semelhante que tem como objetivo "reviver" uma espécie de mamute extinta mediante técnicas similares. Apesar dos cientistas estarem esperançosos com os resultados, alguns especialistas se mostraram céticos e afirmam que é improvável que o experimento seja bem-sucedido.
Outra parte da comunidade científica criticou os cientistas do projeto por tentarem promover uma "ressurreição" de espécies no lugar de investirem tempo e dinheiro em iniciativas que ajudam a proteger animais que correm risco de extinção.
Animais que foram extintos
O lobo-da-tasmânia foi um dos maiores predadores que habitou a Austrália. O animal tinha a aparência canina e tinha listras nas costas. A espécie desapareceu em decorrência da caça predatória.
O último exemplar da espécie, chamado de Benjamin, vivia no zoológico de Beaumaris, na Tasmânia, e faleceu em 1936. Nos anos posteriores, surgiram relatos de pessoas que avistaram esses animais, mas não houve comprovação. Especialistas decretaram oficialmente a extinção em 1980.
Além do lobo-da-tasmânia outros animais foram extintos. GZH separou uma lista com dez espécies que não podem mais ser encontradas na natureza nem em cativeiro. Confira:
- Golfinho-do rio-chinês (Lipotes vexillifer): Essa espécie de golfinho foi extinta em 2007. Segundo os pesquisadores, entre as principais causas da extinção estão as ações humanas que provocaram desequilíbrios no ecossistema do animal, como poluição dos rios, navegação excessiva, além da caça predatória;
- Ibex-dos-Pirineus (Capra pyrenaica pyrenaica): O último representante da espécie vivia em cativeiro e morreu em 1997. Esses animais viviam principalmente no norte da Espanha e no sul da França. Na década de 1980, a espécie foi considerada extinta da natureza;
- Mamute: Diversas espécies de mamutes foram consideradas extintas há mais de 4 mil anos. Os animais desapareceram da natureza devido à caça predatória e às mudanças climáticas;
- Perereca-de-santo-andré (Phrynomedusa fimbriata): O anfíbio foi extinto na década de 1920. Antes de desaparecer, poderia ser encontrado em São Paulo, principalmente na região de Santo André. Até hoje os pesquisadores não conseguiram desvendar a causa da extinção da espécie;
- Pombo-passageiro (Ectopistes migratorius): A ave, que vivia em grupos gigantescos, foi extinta em 1914. Antes do seu desaparecimento, a espécie habitava os Estados Unidos. Até hoje, sua extinção é considerada por especialistas como a maior já causada pelo homem em decorrência da caça predatória;
- Rinoceronte negro do oeste africano (Diceros bicornis): O último animal da espécie, nativa do continente africano, faleceu em 2011. De acordo com especialistas, a extinção aconteceu por causa da caça predatória;
- Tartaruga gigante de Galápagos (Chelonoidis niger): O último representante da espécie se chamava Lonesome George e vivia em cativeiro. O animal faleceu em 2012, marcando assim a extinção das tartarugas de Galápagos. Na natureza, a espécie não era vista há mais de 150 anos;
- Tigre-de-dente-de-sabre (Smilodon): O animal foi considerado como extinto há cerca de 10 mil anos, no período Pleistoceno. Antes de desaparecer, vivia no continente americano. Especialistas apontam que a caça predatória e as mudanças climáticas foram responsáveis por sua extinção;
- Tubarão-lagarto (Schroederichthys bivius): O último exemplar da espécie foi visto em 1988. De acordo com pesquisadores, as atividades humanas como tráfego intenso de navio e poluição dos oceanos foram a principal causa para o desaparecimento desses animais;
- Unicórnio-da-Sibéria (Elasmotherium sibericum): Segundo os pesquisadores, o unicórnio-da-sibéria foi uma espécie de rinoceronte gigante que habitava os continentes asiático e europeu. Apesar de até hoje os cientistas não saberem com precisão a data de extinção do animal, estima que ele tenha desaparecido entre 200 mil e 100 mil anos atrás. Estudos indicam que a principal causa de sua extinção foi a escassez de alimento somada a pouca variedade de sua dieta, que era constituída basicamente por gramas duras e secas.