Um fenômeno estelar está intrigando pesquisadores europeus. Um estudo divulgado na sexta-feira (11) aponta que uma estrela gigante está piscando em uma área próxima ao centro da Via Láctea, a mais de 25 mil anos-luz de distância da Terra. A pesquisa é liderada por Leigh Smith, integrante do corpo docente da Universidade de Cambridge, que compartilhou as informações. O levantamento também foi publicado pela Royal Astronomical Society.
Anunciada como VVV-WIT-08, a estrela está sendo comparada a um farol, já que acabou escurecendo e quase desapareceu de vista. O fator de brilho de estrelas pode variar conforme o tempo, mas este novo corpo ficou tênue e voltou a brilhar — o que despertou o interesse dos observadores astronômicos.
A partir deste fenômeno, os estudiosos apontam que a estrela poderia pertencer a uma nova classificação, chamada de sistema estelar binário "gigante piscante". Essa categorização se refere a estrelas cem vezes maiores que o Sol, podendo ser eclipsadas por um companheiro invisível — um planeta ou outra estrela.
Os astrônomos acreditam, conforme o comunicado oficial, que um disco material está rodeando a estrela, o que gera o fator inusitado de ela estar voltando a piscar.
"É incrível que acabamos de observar um objeto escuro, grande e alongado passando entre nós e a estrela distante, e só podemos especular qual é sua origem", destaca Sergey Koposov, coautor do estudo, integrante da Universidade de Edimburgo, em um comunicado da Cambridge.
A pesquisa e a constatação surgiram após a observação de 1 bilhão de estrelas por quase uma década, checando a variação do brilho dos corpos.
"Certamente há mais a ser descoberto, mas o desafio agora é descobrir o que são os companheiros ocultos e como eles foram cercados por discos, apesar de orbitarem tão longe da estrela gigante. Ao fazer isso, podemos aprender algo novo sobre como esses tipos de sistemas evoluem", disse Smith, no mesmo comunicado.
Os outros pesquisadores também ficaram entusiasmados com a descoberta. "Ocasionalmente, encontramos estrelas variáveis que não se encaixam em nenhuma categoria estabelecida, que chamamos de objetos 'o que é isso?' ou 'WIT'. Nós realmente não sabemos como esses 'gigantes piscantes' surgiram. É emocionante ver essas descobertas da VVV depois de tantos anos planejando e reunindo os dados", reforçou o professor Philip Lucas, colíder do projeto e integrante da Universidade de Hertfordshire.
Estudiosos das universidades de Edimburgo, Hertfordshire, Varsóvia (Polônia) e Andres Bello (Chile) também integram o projeto.