Segurança

Violência contra a mulher
Notícia

Parceiros atuais ou ex-companheiros foram os autores de todos os feminicídios registrados no Rio Grande do Sul em 2025

Estado contabilizou nove casos desde o começo do ano. Delegada alerta para a importância de notificar autoridades desde as violências mais sutis

Zero Hora

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Mateus Bruxel / Agencia RBS
Dos nove casos, quatro suspeitos estão presos, três morreram, um está internado e outro, foragido.

Desde o começo do ano, o Rio Grande do Sul registrou nove casos de feminicídio. Todos os crimes foram cometidos por companheiros ou ex-companheiros das vítimas. O dado foi levantado por Zero Hora a partir das investigações de cada ocorrência junto à Polícia Civil. 

Desse total, sete mulheres foram mortas pelos seus parceiros atuais e duas, por ex-companheiros. Ainda, das nove mulheres que perderam a vida em feminicídios, quatro eram mães.

Os nove assassinatos registrados no Estado ocorreram nas cidades de Ijuí, Frederico Westphalen, Machadinho, Carazinho, Caxias do Sul, Porto Alegre, Imbé, Passo do Sobrado e São Francisco de Assis (clique no nome da cidade e veja detalhes de cada caso).

Quatro suspeitos de autoria dos crimes estão presos. Já os possíveis responsáveis pelos feminicídios de Ijuí, Caxias do Sul e Passo do Sobrado cometeram suicídio após o crime, de acordo com a polícia. No caso de Machadinho, o suspeito se encontra entubado no hospital após tentar tirar a própria vida e, portanto, ainda não foi ouvido pela polícia. O criminoso de Porto Alegre está foragido

Abuso doméstico começa de forma sutil

A diretora da Divisão de Proteção e Atendimento à Mulher (Dipam) da Polícia Civil, delegada Cristiane Ramos, explica que, em relacionamentos abusivos, a violência costuma começar de maneira sutil e difícil de se verificar. Ao longo do tempo, as violências física e moral se escalam, chegando ao ponto do feminicídio. 

Segundo a delegada, é importante oferecer e buscar ajuda para as vítimas antes que a relação chegue à violência física

— A grande maioria das mulheres acha que violência é aquilo que deixa marca, que deixa um olho roxo, que deixa um machucado no corpo. É importante que a gente diga que não precisa chegar nesse ponto — analisa Cristiane Ramos. 

A Lei Maria da Penha traz cinco tipos de violência, sendo a física um desses tipos. Porém, também estão previstas as violências moral, patrimonial, psicológica e sexual. 

O levantamento do Mapa dos Feminicídios de 2024, que reúne dados do Observatório de Violência Doméstica da Secretaria Estadual da Segurança Pública (SSP-RS), mostra que a maioria dos homens envolvidos nos casos tem antecedentes criminais, principalmente por violência de gênero. Enquanto isso, a maioria das mulheres não tem registro de ocorrência. Conforme a delegada Cristiane Ramos, é comum que os autores de violência contra a mulher tenham mais de uma vítima, no geral, entre diferentes parceiras.

O homem que é agressor de mulher, ele não muda. Ele muda de mulher, ele muda de vítima — ressalta a delegada. 

Dados da Segurança Pública do Estado mostram que, em 2024, 87,5% das vítimas não tinham medida protetiva vigente contra o assassino na data do crime — a mais comum é a medida judicial que determina que o agressor se mantenha afastado da mulher. A delegada diretora da Dipam alerta para a importância de as vítimas buscarem o apoio de autoridades para ingressarem na rede de atendimento.

— A maioria dessas mulheres nunca registrou ocorrência, tudo isso faz parte do que a gente chama de ciclo da violência. As que têm a medida protetiva, a gente tem condição de tentar proteger mais, tanto que a maioria delas não chega a sofrer uma nova violência — conta a delegada. 

Como pedir ajuda

Brigada Militar – 190

  • Se a violência estiver acontecendo, a vítima ou qualquer outra pessoa deve ligar imediatamente para o 190. O atendimento é 24 horas em todo o Estado.

Polícia Civil

  • Se a violência já aconteceu, a vítima deverá ir à Delegacia da Mulher, onde houver, ou a qualquer Delegacia de Polícia para fazer o boletim de ocorrência e solicitar as medidas protetivas.
  • Em Porto Alegre, há duas Delegacias da Mulher. Uma fica na Rua Professor Freitas e Castro, junto ao Palácio da Polícia, no bairro Azenha. Os telefones são (51) 3288-2173, 3288-2327 ou 3288-2172, além do 197 (emergências).
  • A outra fica entre as zonas Leste e Norte, na Rua Tenente Ary Tarrago, 685, no Morro Santana. A repartição conta com uma equipe de sete policiais e funciona de segunda a sexta, das 8h30min ao meio-dia e das 13h30min às 18h.
  • As ocorrências também podem ser registradas em outras delegacias. Há DPs especializadas no Estado. Confira a lista neste link.

Delegacia Online

  • É possível registrar o fato pela Delegacia Online, sem ter que ir até a delegacia, o que também facilita a solicitação de medidas protetivas de urgência.

Central de Atendimento à Mulher 24 Horas – Disque 180

  • Recebe denúncias ou relatos de violência contra a mulher, reclamações sobre os serviços de rede, orienta sobre direitos e acerca dos locais onde a vítima pode receber atendimento. A denúncia será investigada, e a vítima receberá atendimento necessário, inclusive medidas protetivas, se for o caso. A denúncia pode ser anônima. A Central funciona diariamente, 24 horas, e pode ser acionada de qualquer lugar do Brasil.

Defensoria Pública – Disque 0800-644-5556

  • Para orientação quanto aos seus direitos e deveres, a vítima poderá procurar a Defensoria Pública na sua cidade ou, se for o caso, consultar advogado(a).

Centros de Referência de Atendimento à Mulher

  • Espaços de acolhimento/atendimento psicológico e social, orientação e encaminhamento jurídico à mulher em situação de violência.

Produção: Fernanda Axelrud

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