Duas pessoas foram presas na manhã desta quinta-feira (9), durante uma operação de combate a um esquema de furtos em veículos em bairros de classe média de Porto Alegre. Segundo o delegado Luciano Dias Peringer, titular temporário da 3ª Delegacia de Polícia da Capital, 93 pessoas tiveram os pertences levados de dentro dos seus automóveis no ano passado pelos criminosos.
Os furtos foram registrados na região dos bairros Mont'Serrat, Auxiliadora, Petrópolis, Rio Branco, Higienópolis, Moinhos de Vento e Bela Vista. Entre as vítimas, a polícia diz que há inclusive membros do alto escalão do governo do Estado.
Intitulada Operação Safe Car, a ofensiva desta quinta-feira combate os crimes de furtos em veículos, receptação, lavagem de dinheiro, adulteração de sinal identificador de veículo automotor, estelionato e organização criminosa.
A investigação aponta que os criminosos vinham da Região Metropolitana em duplas ou trios e agiam de duas formas: ou quebravam os vidros dos carros ou usavam o dispositivo conhecido como "chapolin", que bloqueia o sinal do veículo, impedindo que a porta seja trancada.
— Esse aparelho bloqueava o sinal e o veículo não fechava. Eles abriam o veículo e subtraíam os pertentes das vítimas. Lugares em que eles viam que havia um certo fluxo de pessoas, até estacionamentos de hipermercados, de shopping, eles ficavam monitorando, verificavam a movimentação das vítimas — explica do delegado.
Ainda segundo Peringer, os bandidos conseguiam inclusive movimentar recursos das vítimas:
— No que elas saíam, eles cometiam esse furto. E se as pessoas deixavam, por exemplo, carteiras com documentos e cartões, eles já estavam com máquinas e, neste momento, já iam fazendo transações.
Máquinas de cartão
Um dos presos nesta quinta-feira, em um condomínio no bairro Freitas, em Sapucaia do Sul, seria o responsável pela receptação dos itens furtados e pelas máquinas de cartão utilizadas no crime. O homem, que já usava tornozeleira eletrônica, levou os policiais até uma loja que, segundo ele, foi aberta há cerca de quatro meses.
O delegado Peringer explica que os suspeitos usariam estabelecimentos comerciais de médio e pequeno porte para obter as máquinas e passar os cartões, fazendo compras com parcelamentos em até 12 vezes.
Em outros casos, após furtar os cartões, os criminosos procuravam caixas eletrônicos e faziam movimentações bancárias, como empréstimos e saques. Segundo o delegado, cada integrante do grupo tinha uma função específica, como desbloquear os aparelhos celulares, notebooks e tablets furtados, por exemplo.
Carros alugados e troca de placas
Conforme a polícia, os criminosos usavam carros alugados em nome de terceiros para cometer os furtos. Contudo, eles trocavam as placas para despistar a polícia.
— Quando eles estavam retornando (para a Região Metropolitana), eles mudavam a placa de novo para a original, para não serem monitorados. Quando a polícia fazia algum cruzamento, de veículo tal com a placa tal, eles trocavam a placa e voltavam — pontua o delegado.
Peringer explica que um evento que culminou no pedido das prisões, em novembro do ano passado, foi uma abordagem da polícia a um grupo suspeito de cometer furtos, nas proximidades da Rua Artur Rocha, no bairro Auxiliadora. Ao serem abordados pelos agentes da Polícia Civil, os homens em um veículo branco avançaram em fuga sobre a calçada. Uma câmera de monitoramento registrou o fato. (Veja o vídeo acima).
Mandados de prisão
O delegado Rodrigo Bozzetto, chefe da Delegacia de Polícia Regional Metropolitana, afirma que pelo menos 14 suspeitos são investigados pelo esquema. Ele reitera que as prisões foram pedidas ainda em 2024.
— São nove indivíduos que nós representamos por prisão cautelar, mas desses, seis pedidos de prisão preventiva foram indeferidos. Em três deles, foi determinada a colocação de tornozeleira eletrônica em razão desses três não terem antecedentes — afirma.
Durante a operação, foram apreendidos aparelhos eletrônicos, como notebooks, macbooks e máquinas de cartões utilizadas para realizar as fraudes.
A polícia cumpre, ao todo, seis mandados de prisão preventiva e 17 de busca e apreensão nas cidades de Sapucaia do Sul, São Leopoldo, Canoas e Gravataí. Também devem ser instaladas tornozeleiras eletrônicas nos três suspeitos que tiveram o pedido de prisão preventiva indeferido pela Justiça.
Apreensões
- 12 máquinas de cartão
- 15 celulares
- 17 notebooks
- 3 videogames Playstation
- 8 armas de fogo (6 espingardas, um revólver e uma pistola)
- 14 cartões de crédito/débito
- Pequena quantidade de maconha
Cuidados com os veículos
A polícia orienta a população a tomar alguns cuidados ao estacionar os automóveis na rua, como não deixar itens visíveis dentro do carro e sempre verificar se a porta está bem fechada antes de sair.