Envolta em uma investigação complexa e blindada por determinações de sigilo, a Polícia Civil do Estado de São Paulo não sabe informar quando irá concluir o inquérito sobre o desaparecimento, as lesões e os fatos ocorridos até o encontro da atriz gaúcha Maidê Mahl, 31 anos. Na quinta-feira (3), ela recebeu alta da UTI, onde permaneceu internada durante quase um mês. Entretanto, Maidê prossegue desacordada.
A modelo e atriz natural de Venâncio Aires, no Vale do Rio Pardo, foi resgatada na tarde de 5 de setembro, em um quarto no 15º andar de um hotel no centro de São Paulo. A atualização em seu boletim de saúde gerou expectativa de que ela pudesse contribuir para os esclarecimentos. Contudo, as autoridades precisaram postergar o planejamento.
"O caso segue sob investigação por meio de inquérito policial instaurado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). A modelo segue internada, sem condições de comunicação. Devido ao estado de saúde da vítima, sua oitiva foi adiada. As diligências continuam para a conclusão do inquérito e esclarecimento dos fatos", aponta, em nota, a Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo.
Conforme a diretora do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da polícia paulista, delegada Ivalda Aleixo, as autoridades mantêm a esperança de realizar a oitiva de Maidê, como elemento fundamental para a reconstrução dos fatos. Segundo a delegada, somente a própria atriz poderá reportar parte dos eventos componentes do episódio entre seu sumiço e sua localização.
Sem explicitar a real condição de saúde de Maidê, a instituição hospitalar registrou por nota a transição no quadro clínico:
"O Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HCFMUSP) informa que a paciente Maidê Mahl foi transferida para enfermaria nesta quinta-feira (03/10) e seu estado de saúde é estável".
Na unidade hospitalar, Maidê está acompanhada da mãe, Nélia Schwinn, e sob a vigília de amigos, colegas e pessoas comovidas com o drama da atriz gaúcha.
Relembre o caso
Maidê mora e trabalha em São Paulo desde 2017. Mantém carreira como atriz e modelo. No dia 2 de setembro, saiu de seu apartamento, situado no bairro Moema, por volta de 16h. Entrou em um mercado e comprou três caixinhas de água de coco. Pagou em dinheiro.
Dali, chamou transporte por aplicativo e dirigiu-se a um tabelionato no bairro da Liberdade. Contratou o reconhecimento de sua assinatura em um documento, cujo teor ainda é desconhecido, e rumou ao hotel, novamente em deslocamento por app, por volta de 16h40min.
O check-in no hotel ocorreu por volta de 17h30min. Maidê entrou no quarto e não interagiu com ninguém, nem mesmo para pedir serviços de alimentação, higienização ou arrumação do dormitório.
Estranhando a ausência, amigos comunicaram o desaparecimento à polícia. Os investigadores rastrearam os deslocamentos por meio de registros da companhia de transporte e por checagem de imagens de câmeras públicas e privadas.
Maidê foi achada caída, com o corpo inerte, parcialmente escorado contra a porta do quarto onde estava hospedada. Conforme a polícia, não havia indicativo de violência, nem uso de substâncias tóxicas, além de uma medicação para a qual havia prescrição médica. A atriz teria consumido apenas a água de coco que ela levou consigo.
O trabalho da Polícia Civil e da Polícia Científica, a partir da localização de Maidê, tem sido discreto. Autoridades evitam divulgar dados relacionados à apuração. Um inquérito aberto em 13 de setembro, que apura o suposto crime de lesão corporal, reúne depoimentos e que serão analisados em conjunto com uma lista de perícias solicitadas pelas autoridades.